O Estado de S. Paulo, n. 46654, 12/07/2021. Metrópole, p. A12

SP volta a antecipar calendário e deve vacinar adolescentes a partir de agosto

Bruno Ribeiro
Paula Felix


O governo de São Paulo anunciou ontem uma nova antecipação no calendário de vacinação contra a covid-19 no Estado. Na quarta mudança de cronograma realizada desde o mês passado, está previsto que toda a população com mais de 18 anos esteja imunizada até o dia 20 de agosto. A gestão estadual também pretende iniciar a imunização dos adolescentes de 12 a 17 anos a partir do mês que vem.

Pelo novo cronograma, seriam vacinados primeiro, já a partir de 23 de agosto, os adolescentes com deficiência ou comorbidades, nesta faixa etária, e as gestantes. Depois, viriam os jovens sem comorbidades, com a imunização se encerrando em 30 de setembro. O grupo de adolescentes é formado por 3,2 milhões de jovens.

“O governo de São Paulo antecipa a vacinação de adultos, completando esse universo até 20 de agosto, diminuindo em 26 dias o que estava previsto”, afirmou o governador João Doria (PSDB). “É fruto da aquisição de doses extras da Coronavac sob custo do governo de São Paulo. Com essas 4 milhões de vacinas prontas, vamos concluir o cronograma. Daqui a 40 dias, todos os adultos terão recebido ao menos a primeira dose.” A nova antecipação também depende da entrega de doses pelo Ministério da Saúde.

Até o momento, o único imunizante com autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ser aplicado em adolescentes com mais de 12 anos é o da Pfizer, que recebeu aprovação da agência no mês passado. Mesmo assim, as doses da Pfizer não serão guardadas para a imunização dos adolescentes.

“Nós não guardamos estoque. Toda vacina que chegar da Pfizer será utilizada para o público que estamos trabalhando agora. Neste mês de julho, a gente tem uma previsão de entrega da Pfizer”, explica Regiane de Paula, coordenadora-geral do Programa Estadual de Imunização (PEI). Ainda de acordo com Regiane, a previsão é de que a remessa de agosto seja maior.

Volta às aulas. Na última quarta-feira, a gestão estadual publicou no Diário Oficial a retirada do limite máximo de alunos nas escolas de educação básica, que era, até então, de 35%. O secretário estadual da Educação, Rossieli Soares, já havia informado em junho que pretendia acelerar a volta às aulas no segundo semestre, acabando com os índices de ocupação por escola.

Wanderson Oliveira, epidemiologista e coordenador da Comissão Médica de Educação do Estado de São Paulo, celebrou a imunização dos jovens que estão fora das escolas, especialmente os que têm comorbidades, que correm risco ao serem expostos ao vírus, mas têm impactos no desenvolvimento quando não podem ter acesso às aulas e aos momentos de socialização.

“Estamos lutando há muitos meses para o retorno da atividade escolar com segurança. A gente está voltando às aulas com crianças que não têm comorbidades e professores vacinados. E este (adolescentes com comorbidade) seria o último grupo a voltar para esse ambiente de estimulação e interação.”

Médico infectologista e presidente do Departamento de Imunização da Sociedade Brasileira de Pedriatria, Marco Aurélio Sáfadi diz que os impactos da doença são menores em crianças e adolescentes, mas que os casos de mortes e os sintomas que interferem na qualidade de vida não podem ser negligenciados.

“Mesmo quando a doença ocorre sem gravidade, pode se manifestar com sintomas persistentes. É importante priorizar quem tem doenças pulmonares crônicas, doenças neurológicas, deficiências mentais, as adolescentes gestantes”, afirma Sáfadi. “A iniciativa é correta e traz tranquilidade para uma série de famílias.”

Indagado sobre os estudos com a Coronavac, imunizante feito em parceria entre o Instituto Butantan e a farmacêutica Sinovac, realizados com crianças com mais de 3 anos na China, o diretor do instituto, Dimas Covas, informou que o material já foi encaminhado para a Anvisa.

“Os estudos de segurança já estão de posse da Anvisa. Esperamos que seja incorporada essa utilização na autorização de uso emergencial, sem a necessidade de estudos adicionais feitos aqui no Brasil.” Ao Estadão, a Anvisa informou ontem não ter recebido o pedido de autorização por parte do Butantan.

A Prefeitura de São Paulo disse que, nos próximos dias, divulgará um novo calendário local de vacinação.

Estudos

“Para que nós estejamos vacinando contra a covid-19 uma população pediátrica, em tenra idade, é muito importante que tenhamos trabalhos que deem sustentação de segurança e eficácia.”

Jean Gorinchteyn

Secretário de Estado da Saúde

Calendário

• Adultos de 37 a 39 anos

8 a 14 de julho

• Adultos de 35 e 36 anos

15 a 18 de julho

• Adultos de 30 a 34 anos

19 de julho a 4 de agosto

• Adultos de 25 a 29 anos

5 a 12 de agosto

• Adultos de 18 a 24 anos

13 a 20 de agosto

• Adolescentes de 12 a 17 anos com comorbidades ou deficiência

23 de agosto a 5 de setembro

• Adolescentes de 15 a 17 anos sem comorbidades

6 a 19 de setembro

• Adolescentes de 12 a 14 anos sem comorbidades

20 a 30 de setembro