Título: BNDES acelera desembolsos às fábricas
Autor: Sabrina Lorenzi e Cristina Borges Guimarães
Fonte: Jornal do Brasil, 09/09/2005, Economia & Negócios, p. A19

Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) somaram R$ 28,8 bilhões nos oito primeiros meses de 2005, um crescimento de 18% em relação a igual período do ano passado. O movimento foi liderado pela indústria, setor para o qual as liberações tiveram expansão de 52%, com destaque para os segmentos de mecânica (239%) e metalurgia (91%). A construção consumiu recursos 43% superiores na mesma base de comparação.

- O total de empréstimos está afinado com o crescimento do país. Se os setores de energia elétrica e da agroindústria tivessem apresentado desempenho normal, já teríamos ultrapassado os R$ 30 bilhões - afirmou o presidente do BNDES, Guido Mantega, que classificou como ''pontual'' o recuo de 2,5% na produção industrial em julho. - É um pequeno soluço natural depois de um período de crescimento - minimizou.

No caso da energia elétrica, o recuo de 38% foi resultado do fim do programa de capitalização das empresas do setor. Já a quebra da safra foi a responsável pela redução de 37% na liberação de recursos para o agronegócio.

Além disso, explicou, a demanda por crédito tem sido inibida pela alta liquidez internacional e desvalorização do câmbio, o que tem incentivado as empresas a buscarem empréstimos no exterior e a elevarem as importações de equipamentos.

Os desembolsos para empresas de menor porte cresceram 6%, somando R$ 8,2 bi entre janeiro e agosto, 28% dos desembolsos totais. Mantega, que no mês passado descartou a possibilidade de desembolsar os R$ 60 bilhões disponíveis, afirmou que, este ano, os financiamentos deverão chegar a R$ 50 bi.

No acumulado dos oito primeiros meses do ano, as aprovações de empréstimos (estágio anterior à liberação de recursos) cresceram 39%. Os enquadramentos (período de avaliação técnica dos pedidos) aumentaram 45%. Em ritmo bem menor, as consultas de empresas pedindo empréstimo cresceram apenas 6% no acumulado do ano.

Mantega evitou associar os números à crise política. Disse apenas que, em um cenário incerto, a tendência é que os pedidos de empréstimos sejam levados adiante apenas por empresas que efetivamente estão dispostas a fazer o investimento.

- Num período de incertezas, as consultas para projetos mais sólidos continuam - disse.