Correio Braziliense, n. 21608, 15/05/2022. Política, p. 4

Moraes: Brasil terá "eleições limpas"

Cristiane Noberto


O vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, assegurou que as eleições deste ano serão “limpas, transparentes e com urnas eletrônicas”. Ele ainda afirmou que, em 19 de dezembro, o vencedor nas urnas será “diplomado nos termos constitucionais”. Moraes discursou no Congresso Brasileiro de Magistrados, em Salvador, na manhã de ontem.

“Tenho certeza de que o Supremo Tribunal Federal (STF), todos vocês aqui, nós vamos garantir a democracia no Brasil com eleições limpas, transparentes e com urnas eletrônicas. Em 19 de dezembro, quem ganhar vai ser diplomado. E o Poder Judiciário continuará fiscalizando e garantindo a democracia”, afirmou o ministro.

Moraes, que também é ministro do STF, será o presidente da corte eleitoral durante as eleições. Ainda durante a fala no evento, o ministro destacou o papel do poder Judiciário, que é o “último obstáculo” para impedir “avanços populistas e ditatoriais”. Também foi enfático ao dizer que a Justiça “não pode e nem vai se acovardar perante agressões” contra a democracia.

Alexandre de Moraes reafirmou o papel de cada um dos atores da Justiça para garantir a democracia. “Cada um de nós, isso não é só o Supremo Tribunal Federal, não são só os tribunais superiores, cada um de nós magistradas e magistrados, cada um de nós tem a sua responsabilidade para garantir que o país continue essa democracia”, frisou.

O integrante do STF falou por cerca de 30 minutos. Em parte do discurso, ele apontou sobre as milícias digitais. O TSE tem feito diversas parcerias com plataformas de conteúdo na internet para garantir a lisura das eleições. Na visão dele, os meios de comunicação são “sustentáculos da democracia”.

O ministro então afirmou que a “internet deu voz aos imbecis”, reproduzindo uma famosa frase do escritor italiano Umberto Eco. “As milícias digitais produzem conteúdo falso, notícias fraudulentas e têm o mesmo ou mais acesso que a mídia tradicional. A internet deu voz aos imbecis. Hoje qualquer um se diz especialista, veste terno, gravata, coloca painel falso de livros (como pano de fundo nos vídeos) e fala desde a guerra da Ucrânia até o preço da gasolina, além de atacar o Judiciário”, disse.

Segundo o ministro, esses grupos atacam os meios de comunicação e buscam maneiras de corromper a percepção das pessoas sobre a credibilidade da mídia tradicional. Moraes disse que esse jogo é utilizado como alternativa para atacar o povo. O magistrado, então, afirmou que o “Poder Judiciário não pode e não vai se acovardar” diante da atuação dos grupos de hackers nem diante dessas “agressões”.

Alinhamento

O discurso de Alexandre de Moraes vai ao encontro das recentes declarações do presidente do TSE, ministro Edson Fachin. Na quinta-feira, após uma rodada de testes de urnas eletrônicas no prédio do tribunal, Fachin disse que “nada e nem ninguém vai interferir na Justiça Eleitoral”, e ressaltou que o processo eleitoral brasileiro é totalmente seguro. “No Brasil de hoje, quem põe em dúvida o processo eleitoral é porque não confia na democracia”, afirmou.

Na sexta-feira, no mesmo evento que Moraes discursou ontem, Fachin deu mostra de como pretende agir a Justiça Eleitoral. “A nenhuma instituição ou autoridade, a Constituição permite poderes que são exclusivos da Justiça Eleitoral. Não permitiremos a subversão do processo eleitoral. E digo, para que não tenham dúvida, para remover a Justiça Eleitoral de suas funções terão que antes remover este presidente da sua presidência. Diálogo sim, joelhos dobrados, jamais”, disse Fachin.