Título: Cristovam enfim troca o PT pelo PDT
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 09/09/2005, Brasília, p. D3

O senador Cristovam Buarque oficializa hoje sua desfiliação do Partido dos Trabalhadores. A saída da legenda à qual pertenceu durante os últimos 15 anos aconteceria ontem, mas foi adiada porque o presidente regional do PT, Wilmar Lacerda, não pôde se encontrar com o senador para acertar os detalhes. Depois de comunicar o líder do partido no Senado, Delcídio Amaral, Cristovam colocará a Presidência da Comissão de Relações Exteriores à disposição do PT. O ex-governador do DF deixou o anúncio de sua filiação ao PDT para a semana que vem. As relações de Cristovam com o PT - mais especificamente com o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, até então braço direito do presidente Lula no governo - estavam rompidas desde sua demissão, por telefone, do Ministério da Educação. Com o acirramento da crise que envolve a sigla, Cristovam soltou o verbo e deu sinais mais claros de sua insatisfação, afirmando que o PT ''não tem um projeto de nação''.

Dentre as outras siglas que flertavam com o senador - como o PPS e o PSB - além de estampar a educação como uma de suas principais bandeiras, o PDT do ex-líder gaúcho Leonel Brizola não trará dificuldades internas para sua pretensão de concorrer ao Palácio do Planalto no ano que vem. O único nome presidenciável é o do senador Jefferson Perez (AM), que poderá ser negociado internamente com mais facilidade. Cristovam, no entanto, nega que sua candidatura esteja sendo imposta.

- Quem acaba de entrar não tem como reivindicar nada - diz o senador.

Sem Roriz - As negociações para o ingresso de Cristovam no PDT também passaram pela confirmação de que a sigla não estará alinhada em 2006 com o governador Joaquim Roriz. Até o final do mês, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Maurício Corrêa se filiará ao partido na expectativa de que seja o escolhido por Roriz para a sucessão ao GDF. Além de Corrêa, disputam o apoio do governador o deputado federal José Roberto Arruda (PFL), o senador Paulo Octávio (PFL), o secretário da Agência de Infra-Estrutura e Desenvolvimento Urbano, Tadeu Filippelli (PMDB), e a vice Maria Abadia (PSDB) - todos com melhor desempenho eleitoral em pesquisas de opinião que o ex-ministro.

- É impossível eu estar no mesmo palanque que Roriz. E o PDT também. Agora, se o Roriz é amigo do Maurício, eu não tenho nada a ver com isso -- afirmou Cristovam.

O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, afirma que os dirigentes estão trabalhando para que Cristovam e Roriz não se cruzem nos futuros palanques. E confirma que o partido, apesar de ter oferecido apoio para o governador no início do ano, não caminhará alinhado ao grupo azul em 2006.