Título: Planalto recua e procura nome de consenso
Autor: Fernando Exman
Fonte: Jornal do Brasil, 10/09/2005, País, p. A4

Os líderes dos partidos de governo e oposição na Câmara articulam uma reunião para a próxima semana com o objetivo de encontrar um nome de consenso para a sucessão do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE). Embora ainda não haja uma convergência em torno de um candidato ideal, a maioria afirma: o escolhido deve ter bom trânsito tanto na base governista como na oposição e ser objeto de aceitação geral. Ontem, um dia depois de deixar vazar sua predileção pelo líder do governo na Casa, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), o Planalto colocou um pé no freio e disparou telefonemas para a oposição dizendo-se desinteressado em entrar numa disputa.

Não que o governo tenha desistido de trabalhar no sentido de emplacar um petista. Mas sabe que o respeito ao princípio da proporcionalidade - segundo o qual, a maior bancada, no caso o PT, teria o direito de indicar o presidente - passa por um acordo e não seria prudente precipitar as negociações.

O deputado Eduardo Paes (PSDB/RJ) é um dos favoráveis a um entendimento com o governo para a escolha de um nome acima de qualquer divergência partidária. Mas o PSDB, como os demais partidos de governo e oposição, está dividido em relação a definição do candidato. Os tucanos hesitam entre o deputado Sigmaringa Seixas (PT-DF) e Paulo Delgado (PT-MG).

Setores do PFL aceitam negociar com o governo. Liderariam a preferência dos pefelistas os deputados José Eduardo Cardozo (PT-SP), Sigmaringa Seixas (PT-DF) e Paulo Delgado (PT-MG). Mas a escolha de um petista para o cargo enfrenta resistências. O líder da bancada do PDT na Câmara dos Deputados, Severiano Alves (BA), afirmou que seu partido não apoiará um petista. Ele disse ontem que o PV também já sinalizou que não deve aceitar o PT.