Título: Desvios, notas frias e ''laranjas''
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 10/09/2005, País, p. A7

De acordo com relatório do Ministério Público Federal, demonstrativos de pagamento mostram que cerca de R$ 57 milhões foram pagos à construtora Mendes Júnior pela Prefeitura de São Paulo, entre 1997 e 1998, época em que Maluf era o prefeito da cidade.

Segundo a Procuradoria, o dinheiro recebido pela construtora era pago a subempreiteiras laranjas, que devolviam 90% (após pagamento de serviço por meio de notas fiscais frias) em cheques para o ex-diretor da empresa Simeão Damasceno de Oliveira.

O valor que voltava a Simeão, ainda de acordo com a Procuradoria, era enviado ao exterior por meio do doleiro Vivaldo Alves, o Birigüi. Documentos entregues pelo próprio Simeão ao Ministério Público em 2002 apontariam depósitos feitos em contas em Genebra e em Nova York.

A conta Chanani, em Nova York, foi criada por Birigüi, para receber o dinheiro desviado pela Mendes Júnior. A Chanani, que pertence ao ex-prefeito Paulo Maluf, recebeu um total de cerca de US$ 141 milhões, segundo o doleiro.

Outra conta pertencente a Maluf, em Londres, remeteu em 1998 cerca de US$ 27 milhões à Chanani.

Segundo a Procuradoria, o dinheiro que chegava à Chanani era distribuído em outras contas e bancos, para pagamento de despesas de Maluf e de seus familiares.

Paulo Maluf afirma que não tem contas no exterior e que não movimentou dinheiro fora do Brasil, como afirmam o Ministério Público e a Polícia Federal. Maluf diz que Birigüi mente quando diz ter operado para sua família no exterior e afirma que ele e seu filho Flávio são vítimas de uma tentativa de extorsão de US$ 5 milhões.