Título: Trabalhador perde apoio
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Fonte: Jornal do Brasil, 10/09/2005, Economia & Negócios, p. A18

A suspensão do repasse de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para as centrais sindicais fez sua primeira vítima. Ontem, a Força Sindical anunciou que vai fechar os seus sete Centros de Solidariedade a partir da próxima terça-feira.

Os centros servem como intermediação de mão-de-obra entre empresas e desempregados. A Força possui unidades deste tipo nos bairros paulistanos da Liberdade e Santo Amaro e nas cidades de Osasco, Guarulhos, Santo André, Diadema e Recife. No total, os postos atendem 7 mil pessoas por dia.

Segundo o Ministério do Trabalho, a Força Sindical recebeu, em recursos do FAT, cerca de R$ 17,1 milhões por ano em 2001 e 2002 e R$ 12,4 milhões em 2003.

A Força Sindical está desde março sem receber os repasses do FAT. Para Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força, os recursos existentes eram suficientes para manter o serviço só até julho.

- Não temos outra saída a não ser encerrar as atividades - disse Paulinho, que afirmou ter esperança de que o serviço volte a funcionar o quanto antes.

Outras centrais sindicais vão adiar a decisão sobre o funcionamento de seus postos de intermediação de mão-de-obra. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) vai ficar em ''aviso prévio'' até 15 de outubro, quando decidirá sobre a manutenção dos escritórios.

A CUT possui cinco agências deste tipo, nas cidades paulistas de Diadema, Jandira, Santo André e duas em Guarulhos. A central recebeu do FAT cerca de R$ 6,5 milhões em 2001 e 2002 e R$ 4,6 milhões em 2003.

A decisão de suspender o repasse dos recursos do FAT foi tomada pelo Ministério do Trabalho, por determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), que detectou irregularidades nas prestações de contas de 2000 a 2002.

Paulinho disse que as supostas irregularidades apontadas pelo TCU são a duplicidade de alunos e as contrapartidas que as entidades que recebiam recursos do FAT tinham que fornecer pelo convênio firmado com o governo.

- A contrapartida que apresentamos pelo convênio é a infra-estrutura e salários de funcionários. Vamos continuar defendendo que estávamos corretos, porque não temos nota fiscal para apresentar - disse, lembrando que a contrapartida foi aceita sem problemas até 2003.

Com relação à duplicidade de alunos matriculados nos cursos de qualificação que a Força prestava, Paulinho disse que os casos correspondem a cerca de 0,83% do universo de 700 mil alunos. Mesmo assim, ressalta, com o apoio do representante da CUT no Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat), Carlos Alberto Grana, que os casos de duplicidade aconteceram em virtude de problemas com homônimos.