Título: Roriz repete que deixa Buriti em abril
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 10/09/2005, Brasília, p. D3

Durante evento que marcou o início do processo de regularização das áreas rurais do DF, o governador Joaquim Roriz voltou a dizer, ontem, que deixará o Palácio do Buriti em abril do próximo ano, sinalizando que se desincompatibilizará para disputar um cargo eletivo. Em meio a produtores rurais, Roriz ficou à vontade para fazer as vezes de cabo eleitoral de seus aliados e atacar seu principal inimigo político, o PT. Antes de descer do palanque, Roriz rasgou elogios à vice Maria de Lourdes Abadia, que assumirá o governo com a sua saída. - Estou começando a preparar minha saída do governo, mas vou entregar para uma mulher da minha confiança que vai continuar meu governo da mesma forma que eu. Ela pensa igual a mim, faz o que penso. Ela é correta, protetora dos pobres. Se eu não terminar as obras importantes, ela termina. Ela não foi escolhida por acaso, foi iluminação de Deus, que me indicou que esta deveria ser minha vice. Ela é correta, não gosta de ver criança passando fome, idoso sofrendo, e é por isso que ela está comigo, e vamos continuar juntos - afirmou Roriz do palanque montado em um ginásio coberto na Granja. Em 1994, o governador xingou Abadia durante a campanha eleitoral. Na época, ela disputava o GDF contra o candidato apoiado por Roriz, Valmir Campelo.

Abadia disputa a indicação do governador para sua candidatura ao Palácio do Buriti com outros quatro nomes - o deputado federal José Roberto Arruda (PFL), o senador Paulo Octávio (PFL), o secretário da Agência de Desenvolvimento Urbano e Infra-Estrutura, Tadeu Filippellli, e o ex-presidente do STF Maurício Corrêa.

As declarações de Roriz sobre sua vice sinalizam, para os aliados da tucana, uma possível manifestação de apoio. No entanto, nos bastidores da corrida ao GDF, a interpretação é de que o governador ainda está diante de um jogo de cartas embaralhado. Há poucos meses, Roriz disse que deixaria o Palácio para concorrer a uma vaga no Senado Federal e destacou as qualidades de Abadia no GDF. Um dia depois, afirmou em público que poderia permanecer no posto, abrindo mão de um cargo eletivo nos próximos quatro anos em nome da ''união do grupo''.

O governador tem repetido que a escolha de seu sucessor não será feita este ano. Além do desempenho individual de cada um dos candidatos, a definição sobre possíveis modificações na legislação eleitoral - como a queda da verticalização - serão determinantes na indicação de um nome do seu grupo político.

Considerado o maior cabo eleitoral do DF, Roriz ontem fez questão de gastar quase meia hora para anunciar todos os seus aliados que dividiam o palanque, ressaltando elogios.

- Vocês prestem atenção nos nomes, porque no dia em que a lei eleitoral permitir eu falarei deles em todos os cantos de Brasília - disse.

Ele aproveitou o clima receptivo para alfinetar o PT, histórico rival nas urnas. Ao defender o processo de titularização das terras rurais, o governador afirmou não concordar com as esquerdas, por elas acharem que as terras têm que ser do governo.

- Governo não precisa de terra, não precisa ser rico, mas sim o povo, que precisa estar bem de situação. Não sou deste partido de esquerda, mas também não tenho ódio deles não, eu até rezo para eles para que Deus dê a eles paciência e tire eles da vida pública. Eu sou incapaz de desejar o mal. Mas tenho certeza que entre o bem e o mal, quem vai prevalecer é o bem - gritou do palanque.