Título: ACM dispara ataques ao governo
Autor: Paulo de Tarso Lyra
Fonte: Jornal do Brasil, 04/11/2004, País, p. A-3

Senador critica o uso da máquina nas eleições e faz pesadas acusações contra o ministro da Saúde, Humberto Costa O primeiro dia de sessões no Senado após o segundo turno das eleições mostrou que o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) voltou disposto a infernizar a vida do Planalto. Durante um simples aparte ao discurso do senador César Borges (PFL-BA), que se queixava da força da máquina petista nas eleições em Salvador, ACM destilou seu ressentimento contra o governo. - Vossa Excelência, senador César Borges, foi vítima de uma campanha cínica e sórdida feita pelo governo federal - resumiu o senador baiano.

Borges, que foi derrotado pelo candidato do PDT, João Henrique, com a maior diferença de votos entre candidatos que disputaram o segundo turno das eleições municipais, assistia, recompensado, o discurso de ACM. O senador apontou sua metralhadora verbal especialmente contra o ministro da Saúde, Humberto Costa.

- Dentre os sórdidos, o mais sórdido foi o vampiro, que até hoje não prestou contas sobre as pessoas acusadas de roubar nas compras de hemoderivados no Ministério da Saúde - atacou ACM, numa referência à Operação Vampiro, deflagrada em maio pela Polícia Federal.

ACM prometeu retornar à tribuna do Senado, com provas materiais - incluindo fitas - contra o ministro da Saúde. Para o senador baiano, a incompetência de Humberto Costa ficou comprovada em Recife e durante a sua atuação como parlamentar em Brasília.

- O vampiro trouxe a equipe do seu estado para poder roubar melhor no Ministério. Todos aqui sabem o cínico que ele é - vociferou ACM.

O senador baiano garantiu que vai mostrar o quanto de dinheiro o PT usou para combater seus oponentes nos Estados. Apesar de atribuir a derrota em Salvador ao uso da máquina, ACM disse que a tática foi adotada em todos os Estados.

- Mas especialmente na Bahia. Quem vai sofrer com isso, senador César Borges, é Salvador. Daqui a seis meses, um ano, os baianos vão estar lamentando a sua derrota - previu.

Segundo ACM, Borges foi derrotado porque todos os ''maus'' se juntaram contra ele. Lembrou que, em primeiro turno, o pefelista derrotou um ''tal Pellegrino (Nelson Pellegrino, candidato do PT), que já entrou derrotado, sem apoio do próprio partido''. Cutucou ainda outro desafeto, Benito Gama, do PTB.

- Ele se diz um líder, mas obteve apenas 0,6% dos votos. Não se elegeria para vereador - zombou.

César Borges garante que não tem mágoas do Planalto, mas não vai se eximir de criticar a atitude do governo durante a campanha. A exemplo de ACM, a coluna central dos ataques foi ao ministro da saúde, Humberto Costa.

- Ele foi a Salvador dizer que, dependendo dos resultados das urnas, os recursos federais poderiam ser liberados com mais facilidade - protestou.

O Ministério da Saúde afirma, em nota, que a Operação Vampiro foi deflagrada graças à iniciativa de Humberto Costa e que o ministro esteve na Bahia para inaugurar programas ''prioritários''.

Borges também acusou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de omissão. Apesar de garantir que o jantar do PFL independente com o presidente Lula, na residência do chefe da Casa Civil, ministro José Dirceu, não tenha tido caráter eleitoral, o encontro serviu-lhe como um ''bálsamo moral'' contra os ataques que vinham sendo proferidos pelo PT baiano.

- Os ataques não pararam, até pioraram, com as visitas de Humberto Costa e do ministro Jaques Wagner (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social).