Título: João Henrique pede para ser bem tratado
Autor: Paulo de Tarso Lyra e Romoaldo de Souza
Fonte: Jornal do Brasil, 04/11/2004, País, p. A-3

O prefeito eleito de Salvador, João Henrique, amenizou ontem o discurso de oposição que seu partido vem adotando desde o fim do ano passado. Após audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, João Henrique declarou que a relação política entre o PDT e o Planalto dependerá do tratamento dado pelo Planalto aos prefeitos eleitos pelo partido. - Na medida em que o governo federal trate bem as cidades administradas pelo nosso partido - Salvador, São Luis, Campinas, Maceió, dentre outras - naturalmente isso se refletirá na condução de nossas bancadas, tanto na Câmara quanto no Senado - garantiu.

João Henrique parecia bastante à vontade após a audiência com o presidente Lula. Garantiu que este bom tratamento passa pela respeito à autonomia da legenda, bem como à implantação dos projetos necessários às cidades. E acredita que o presidente compreendeu a mensagem.

- Ele chegou ao ponto de me informar que, mesmo as eventuais críticas dos pedetistas no Congresso não serão suficientes para atrapalhar a relação das prefeituras com o governo federal - assegurou.

João Henrique reforçou o seu argumento, acrescentando que Lula tornará prioridade a construção de moradias dignas para os habitantes de palafitas - que ainda proliferam por Salvador.

Apesar de não ter tocado diretamente no assunto, João Henrique afirmou que a dívida de Salvador - a segunda maior do país, estimada em R$ 1, 3 bilhão - terá que ser alvo de uma repactuação.

- Precisamos encontrar caminhos para que este montante - que também atinge cidades como São Paulo e Rio - não sobrecarregue tanto os Estados - defendeu.

O pedetista baiano também demonstrou leveza ao comentar os ataques proferidos pelo senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) e César Borges. Ambos criticaram a atuação do governo federal na campanha em Salvador e disseram que, dentro de seis meses a um ano, os baianos estarão chorando, arrependidos.

- Essa declaração é contraditória com a do governador da Bahia (Paulo Souto) e do prefeito de Salvador (Antonio Imbassahy). Entre os votos de êxito e de sucesso do governador e do prefeito e os maus presságios do meu concorrente, eu prefiro ficar com os primeiros - afirmou, diplomático.