Transcrição
1ª parte
Olá, sou Anderson Mendanha e no [programa] Autores e Livros de livros de hoje a gente celebra o Dia Mundial da Poesia.
Celebrado todos os anos em 21 de março, o dia mundial da poesia comemora a diversidade do diálogo, a livre criação de ideias através das palavras, da criatividade e da inovação.
E o que é a poesia? Há várias definições, umas mais acadêmicas, outras mais líricas. Para Micheliny Verunschk, poesia “é a forma mais eficaz de alcançar algo inatingível, a essência do real ou, antes, o real em essência. (…) ela está um degrau acima da filosofia e um degrau abaixo do amor”.
Então, em homenagem ao Dia Mundial da Poesia, nossos parabéns e agradecimentos a todos poetas e poetisas que tanto enriquecem o nosso ser.
BG
E o dia 21 de março também é o Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé. Então, o [programa] Autores e Livros de hoje vai homenagear essas duas datas com uma seleção especial de poetisas negras.
A gente começa com a entrevista que fiz com Cristiane Sobral, professora, escritora, poeta e dramaturga. Autora de 11 livros, pesquisadora de teatro e de literatura negra com uma poesia marcadamente antirracista e feminista, nessa conversa, Cristiane fala da sua carreira e da sua literatura.
Vamos ouvir.
Tec. Vi - Autores e Livros_entrevista
BG
A gente faz agora uma breve pausa na conversa com a Cristiane Sobral para o intervalo. É rapidinho. A gente volta já.
2ª parte
Sou Anderson Mendanha, estamos de volta com o [programa] Autores e Livros e a gente continua acompanhando a entrevista com a poetisa Cristiane Sobral.
Quer conhecer mais da poesia e do trabalho da Cristiane Sobral? Acesse então o perfil dela no Instagram em @cristianesobralartista. E não deixe de conhecer também a editora da Cristiane, a Aldeia de Palavras em @editoraaldeiadepalavras.
BG
E a gente continua de poesia. No encantos de versos, Marluci Ribeiro nos traz mais poetisas afro-brasileiras.
Olá! Em comemoração pelo Dia Mundial da Poesia e pelo Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé -, ambos celebrados em 21 de março -, o encantos de versos traz pra você poemas de Conceição Evaristo, Miriam Alves e Ana Cruz, três importantes vozes femininas na literatura afro-brasileira.
Locutor: natural de Belo Horizonte, Minas Gerais, onde nasceu em 1946, Conceição Evaristo estreou na literatura em 1990, publicando contos e poemas na Série Cadernos Negros. Além de proffessora, nossa homenageada participa ativamente de movimentos em prol da valorização da cultura negra. Dela, selecionei pra você vozes-mulheres:
A voz de minha bisavó ecoou
Criança
Nos porões do navio.
Ecoou lamentos
De uma infância perdida.
A voz de minha avó
Ecoou obediência
Aos brancos-donos de tudo.
A voz de minha mãe
Ecoou baixinho revolta
No fundo das cozinhas alheias
Debaixo das trouxas
Roupagens sujas dos brancos
Pelo caminho empoeirado
Rumo à favela.
A minha voz ainda
Ecoa versos perplexos
Com rimas de sangue
E
Fome.
A voz de minha filha
Recorre todas as nossas vozes
Recolhe em si
As vozes mudas caladas
Engasgadas nas gargantas.
A voz de minha filha
Recolhe em si
A fala e o ato.
O ontem – o hoje – o agora.
Na voz de minha filha
Se fará ouvir a ressonância
O eco da vida-liberdade.
Loc: outra voz que ecoa a identidade negra e introduz em sua poética questões de gênero é Miriam Alves, professora, contista e assistente social nascida em São Paulo, em 1952. Seu primeiro livro – Momentos de Busca – publicado em 1983, reúne poemas escritos desde a adolescência. Dela, você ouve agora os versos de afro-brasileiras:
Mães, irmãs, esposas
Anônimas mulheres guerreiras
Força move pensamentos passos
Gerações foram às ruas
Lutas
Sustento
Dignidade
Sonho melhor
Avós, mães, tias
Aves marias
Aves marinhas
Silêncio e anonimato
Presença
Voz de contínuas esperanças
Banir pesadelos
Da vida do país.
Loc: nossa terceira homenageada é a jornalista Ana Cruz, que nasceu em 1968, em Visconde do Rio Branco, minas gerais. Ana cruz começou a escrever no final da década de 1990 e sua obra é marcada pelo amor à cultura africana e pelo orgulho de sua ancestralidade. Prova disso encontramos no poema autorrespeito:
Quero meus filhos afirmando: sou descendente de africanos, com o mesmo orgulho que os descendentes de outros continentes aqui muito bem instalados se identificam.
Desta maneira saberão sobrepor-se, se forem tomados por maus elementos. Sei que terão inteligência para não negligenciarem o fato./ não serão acometidos pela fraqueza de aceitarem calados a humilhação./ nem tentarão esconder do meio social no qual buscam ascensão que eles são discriminados
Iguais aos demais pretos.
Loc: sugiro a leitura da antologia de poesia afro-brasileira: 150 anos de Consciência Negra no Brasil, organizada por Zilá Bernd. Pra encerrar, ouça raízes, música de negra li; Fábio Brazza; Duani e Vulto, interpretada por Negra Li e Rael:
E autores e livros vai ficando por aqui. Obrigado pela sua companhia.
Os autores e livros tem apresentação de Anderson Mendanha, produção de Ana Beatriz Santos e Keule Torres e trabalhos técnicos de Cristiane melo e Josevaldo Souza.
Até a próxima. Boa leitura! E leia mulheres. Sempre!