Transcrição
1ª parte
Olá, sou Anderson Mendanha e começa agora o Autores e Livros. Hoje, um
programa especial em homenagem ao Dia Internacional da Mulher só escritos por
mulheres. Vamos juntos!
BG
E a gente começa
falando da importância da literatura produzida por mulheres. Ouça o recado da
nossa produtora Ana Beatriz Santos:
Literatura produzida
por mulheres.
Em um país de
constituição machista e patriarcal como o brasil, é importante usar o Dia
Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, para lembrar a importância de
dar voz para as escritoras.
As mulheres lutam
continuamente para conquistar espaços no mundo do trabalho, na política e, não
seria diferente, na cultura, espaço que inclui a literatura.
Apesar da maioria
dos leitores brasileiros ser do sexo feminino, o número de mulheres com livros
publicados ainda não é igualitário, ou seja, as editoras publicam mais livros
de homens do que de mulheres.
Alguns índices
apontam o crescimento do número de autoras publicadas em 2022, em comparação
com 2019. Mas a igualdade entre homens e mulheres ainda está distante. Por isso
é importante valorizar, ler e incentivar que as pessoas leiam livros escritos
por mulheres.
Aqui, no Autores e Livros,
a gente aproveita o mês da mulher para trazer para você o trabalho das
escritoras brasileiras, as já consagradas e as que estão chegando agora ao
mercado. Se você ainda não leu livros escrito por mulheres, aproveite as nossas
dicas.
Elas estão em todos
os gêneros: poesia, conto, crônica,
romance, científicos, didáticos, biografias, Graphic Novels e Ensaios. É só escolher.
Seguindo a deixa da Ana
Beatriz, a gente começa nosso giro pelos lançamentos e dicas de leitura com “Planta
Oração”, de Calila das Mercês, um livro-poema-conto
que faz a junção da oralidade com a ancestralidade.
São as aberturas dos
contos, criadas a partir de um som ritmado, que nos lembram de mantras ou
ladainhas e vão se apresentando em repetições, que acolhem o ouvido e nos
preparam para um novo Conto-Oração. Cada texto forma
um galho desse tronco-texto carregado de memórias-palavras da autora.
Pesquisadora dos
movimentos e das representações de mulheres negras e grupos invisibilizados,
a escritora e jornalista baiana Calila das Mercês é
poeta, jornalista, e doutora em literatura pela UNB.
A Ritta Zumba traz um pedacinho desse livro para vocês perceberem
a genialidade do texto da Calila:
Você encontra
“planta oração”, de Calila das mercês, tanto na
versão impressa quanto na digital nos portais de livros e no site da editora:
editoranos.com.br
BG
Nossa segunda dica é
“nossa luz interior”, da ex-primeira-dama dos estados unidos Michelle Obama.
Na continuação do
seu aclamado livro de memórias, o best-seller “minha história”, Michelle compartilha
sabedoria prática e estratégias poderosas para manter a esperança e o
equilíbrio em um mundo tão incerto como o de hoje.
Podem não existir
soluções perfeitas ou respostas simples para os grandes desafios da vida, mas Michelle
Obama acredita que todos nós podemos identificar e nos apoiar em um conjunto de
ferramentas que nos ajudarão a navegar melhor pelas mudanças e assim permanecer
firmes.
Publicado pela
objetiva, “nossa luz interior” tem 256 páginas e a versão impressa você
encontra fácil nas livrarias e sebos. Nos portais de livros você encontra
também a versão digital.
BG
Se você gosta de
quadrinhos e quer conhecer mais sobre HQS produzidas por mulheres, eu indico
“mulheres e quadrinhos”, organizado por Dani Marino e Laluna
Machado e publicado pela editora Skript.
O livro foi
inteiramente produzido por mulheres e traz textos de pesquisas, entrevistas,
contos e quadrinhos, escritos e desenhados por elas. Ao todo, são mais de cem
profissionais e quinhentas páginas dedicadas a esse universo.
Uma obra muito
importante para mostrar que quadrinhos não são só coisa de menino e que tem
muito trabalho de qualidade por aí produzido por mulheres. Recomendo e
recomendo muito.
“Mulheres e Quadrinhos”
está disponível na Amazon e também no site da
editora: skripteditora.com.br
E se você quiser
saber mais sobre essa obra, visite no Instagram o perfil @mulheresequadrinhos.
BG
Minha dica agora é “seu
vício, nosso segredo”, de Rita Cota. Que tal um livro que te leva a refletir
sobre a liberdade sexual feminina?
Rita, após uma
experiência traumática, transformou a dor de perder um bebê em compromisso
sólido pelo empoderamento feminino. Ela recuperou a
paixão de viver ao defender a liberdade sexual das mulheres.
O curto período
entre o momento da notícia da gestação e a perda do filho, colocaram Rita em
uma espiral de dor e angústia. Decidida a não se lamentar, ela se agarrou na
leitura, e devagar, encontrou na escrita o canal para transformar a própria
tristeza em algo a mais.
Em “seu vício, nosso
segredo”, a chegada de um empresário bem-sucedido na emergência de um hospital
desestabiliza a rotina de francesca, a médica de
plantão. Ele exige atendimento diferenciado devido à sua condição social
privilegiada, mas a profissional se recusa a aceitar tais imposições. Francesca
se torna então um alvo a ser conquistado pelo paciente enigmático e acaba
envolvida em uma trama que a faz questionar os próprios valores e as amarras
impostas socialmente pelo fato de ser mulher.
No livro, Ritta discute temas de relevância como críticas sociais,
ética profissional, valorização da mulher, desigualdade econômica e tabus
sexuais.
“seu
vício, nosso segredo”, de Rita Cota, está disponível na Amazon
e no clube de autores.
BG
A gente agora vai
para o intervalo e na volta você fica com a entrevista com Keka
Reis. Voltamos já.
2ª parte
Autores e livros de
volta. Transmitido para toda rede senado de rádio e para as rádios parceiras
conveniadas a nossa Radioagência. Disponível também
em Podcast e em senado.leg.br/radio.
BG
KEKA Reis, escritora
finalista do Prêmio Jabuti, em seu livro mais recente, “Sozinha”, mergulha no
luto de uma adolescente, rosa, após a partida repentina da mãe. Publicada pela
editora Gutenberg, a obra traz à tona a delicada, às vezes simbiótica, relação
entre meninas adolescentes e a figura materna.
A gente sabe mais
sobre esse livro na conversa de Keka Reis com Ana
Beatriz Costa. Vamos ouvir.
Essa foi parte da
conversa com a Keka Reis. A entrevista completa está
disponível no nosso Podcast nas principais
plataformas como Spotify, Deezer,
Google e também no site da rádio senado: senado.leg.br/radio/podcasts.
“Sozinha”, de Keka
Reis, publicada pela editora Gutenberg está disponível tanto na versão impressa
quanto na digital.
BG
E agora, no encantos de versos, marluci
ribeiro nos traz poemas de íris mendes, adelaide ivánova e angélica freitas.
Loc: olá! Hoje o encantos de
versos traz pra você três poetisas que se inspiraram na temática da violência.
Loc: a primeira dela, conhecida como íris mendes, é
natural de caxias, no maranhão. Formada em letras e
direito, concilia o magistério com o exercício da advocacia. Ativista no empoderamento feminino por meio da literatura, é autora do
poema safira:
Safira suspira:
-- porta aberta!
Limpou o rosto
apenas do susto
Do sangue.
Buscou no espelho
ouvir
Do seu olhar azul
sem céu
Sobre quem fora um
dia.
Então juntou os
cacos
De sua essência
quebrada.
Tantas preces e preciosidades
perdidas!
São ácidas feridas
plantadas
No corpo onde
floriam doces expectativas.
E não mais maquiou o
olho roxo.
Agora aberto,
Como uma chave que
mais que abre,
Quebra cadeias
internas,
Reorienta e alimenta
a vontade.
-- não, não há
necessidade!
O medo está
quebrado.
Todo segredo,
revelado.
Talvez se instale a
vingança,
Soprando as brasas!
Talvez se apague
completamente
O fogo da
importância.
Ao verme, a
insignificância
Que é cruel e lhe
pertence.
Há piedade no
universo.
Quem sabe venha lhe
contemplar
Alguma evolução.
O não é sim à
dignidade.
É porta aberta em
mim.
Safira abre a porta
da rua.
Ela não é mais tua!
Inspira e ensaia um
canto azul
Para calçar os
caminhos da liberdade.
O seu olhar recobrou
céu!
Loc: também inspirada na temática da violência contra a
mulher, adelaide ivánova -
que nasceu em recife, em 1982 e é também fotógrafa, jornalista e tradutora -
compôs a porca:
A escrivã é uma
pessoa
E está curiosa como
são
Curiosas as pessoas
Pergunta-me por que
bebi
Tanto não respondi
mas sei
Que a gente bebe pra morrer
Sem ter que morrer
muito
Pergunta-me por que
não
Gritei já que não
estava
Amordaçada não
respondi mas sei
Que já se nasce com
a mordaça
A escrivã de camisa
branca
Engomada
É excelente
funcionária e
Datilógrafa me
lembra muito
Uma música
Um animal não lembro
qual.
Loc: outra poetisa que aborda o tema é angélica freitas, natural de pelotas, onde nasceu em 1973. A autora,
que lançou duas coletâneas de poemas - rilke shake e um útero é do tamanho de um punho -, escreveu porto
alegre, 2016:
Quando você viu na tv
Aquelas pessoas em
fila na chuva
À noite numa estrada
Na fronteira de um
país que não as deseja
E quando você viu as
bombas
Caírem sobre cidades
distantes
Com aquelas casas e
ruas
Tão sujas e tão
diferentes
E quando você viu a
polícia
Na praça do país estrangeiro
Partir pra cima de manifestantes
Com bombas de gás
lacrimogêneo
Não pensou duas
vezes
Nem trocou o canal
E foi pegar comida
Na geladeira
Não reparou o que
vinha
Que era só uma
questão de tempo
Não interpretou como
sinal a notícia
Não precisou estocar
alimentos
Agora a colher cai
da boca
E o barulho de bomba
é ali fora
E a polícia pra cima dos teus afetos
Munida de espadas,
sobre cavalos
Loc: pra encerrar, ouça elza
soares interpretando canção de douglas germano,
intitulada maria de vila matilde :
E com o encantos de versos, a gente encerra autores e livros de
hoje. Eu finalizo o programa parabenizando todas as mulheres pelas conquistas
até hoje. Que venham mais conquistas e mais respeito.
Se você quiser
outras dicas de livros escritos por mulheres, acesse o instagram
e use a #dicasautoreselivros. Lá tem muita coisa
legal.
O programa de hoje
contou com a apresentação de anderson mendanha, produção de ana beatriz
santos e keule torres e trabalhos técnicos de cristiane melo e josevaldo souza.
Até a próxima. Boa
leitura! E leia mulheres. Sempre!