Título: Abandono de obras incomoda
Autor: Waleska Borges
Fonte: Jornal do Brasil, 11/09/2005, Rio, p. A27

crescimento das favelas do Rio é visto com preocupação por lideranças comunitárias. Elas cobram políticas de habitação pública eficientes, como obras de saneamento, infra-estrutura e programas sociais. Os moradores reclamam da deterioração das obras do Programa Favela-Bairro, da prefeitura, além do abandono de conjuntos habitacionais. Informações cruzadas entre o censo de 1991 e 2000 apontam que a população das favelas cresceu 25% enquanto a dos bairros aumentou 7,7% no período. - A expansão das favelas do Rio é uma bomba-relógio prestes a estourar. Nas comunidades, faltam saneamento, transporte e segurança. O poder público insiste em permanecer omisso. Enquanto isso, o tráfico cresce e assume o espaço que está vago - comenta o secretário-geral da Federação das Associações de Favelas do Estado do Rio (Faferj), Anderson Rocha.

Segundo o representante da Faferj, as políticas de habitação são eleitoreiras e as obras de baixa qualidade. Ele cita como exemplo as obras do Favela-Bairro na Mangueira.

- O manilhamento tem a largura de uma mão e o esgoto está sempre entupido - conta Rocha, que também lamenta o abandono dos conjuntos habitacionais como a Cruzada São Sebastião, no Leblon.

A Secretaria Municipal de Habitação informou que desde 1994 o Favela-Bairro atendeu 556.910 pessoas e já foram concluídas obras em 54 comunidades. Os investimentos em infra-estrutura, construção de creches, praças, áreas de esporte e lazer, canalização e outras ações sociais chegam a R$ 600 milhões.

O crescimento das favelas está sendo acompanhado pelo Centro de Informação Científica e Tecnológica da Fiocruz. Através de bancos de informações de saúde, o órgão vai mapear as doenças associadas a expansão das comunidades, entre elas, a tuberculose e a aids. O trabalho deve ser concluído até março de 2006.