Título: A defesa de Severino
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 12/09/2005, País, p. A3

Severino Cavalcanti negou todas as acusações que recaíram sobre ele na última semana. Suas declarações vão de encontro ao que disse o empresário Sebastião Augusto Buani, que acusa o deputado de ter recebido mensalinho para prorrogar contrato do restaurante deste com a Câmara. ASSINATURA DO CONTRATO

¿Afirmo com absoluta convicção que o documento é fraudulento. Não assinaria documento de tal conteúdo. (...) A meu pedido, o documento publicado pela Veja foi examinado por um perito e a conclusão é de que trata-se de um documento montado eletronicamente.¿

Severino diz que a assinatura que consta no documento publicado no site da revista é falso. Questionado por jornalistas, volta atrás e diz que poderia ter assinado sem perceber, diante do volume de papéis que assina por dia.

PRORROGAÇÃO DO CONTRATO

¿É inacreditável a versão de que um empresário experiente fosse se dar por satisfeito com uma autorização dessa. (...) Não é possível acreditar que o empresário tenha se considerado atendido com um despacho nessas circunstâncias.¿

Segundo Severino, o despacho não teria validade jurídica porque o documento de Veja data do dia 4/4, mas foi protocolado em 9/4. Seu advogado põe em dúvida como Buani pôde se contentar com um documento não protocolado na Câmara. Severino diz que o pedido de prorrogação foi negado com a sua ¿concordância expressa¿.

REFORMA DA COZINHA

¿Não é verdade o que foi informado por Veja que só em novembro de 2003, quando teria cessado o pagamento do mensalinho, a reforma [da cozinha do anexo 3] começou. A diretoria-geral da Casa possui toda documentação para provar que todas as providências foram tomadas de imediato¿.

Severino justifica o fato de ter sido aceita a prorrogação do contrato com Buani dizendo que não era possível abrir processo de licitação porque a cozinha do anexo 3 precisava de reforma. Segundo ele, como um vencedor da licitação não começaria a trabalhar com a reforma e como o restaurante não podia ficar sem funcionar, foi prorrogado o contrato.

SAQUE

¿Não houve saque de R$ 40 mil. É mais uma mentira do empresário. (...) Fala-se agora de misterioso cheque que algum motorista que trabalha comigo teria descontado. Mentiras, mentiras, mentiras¿.

Segundo Buani, o cheque teria sido sacado por um motorista de Severino. Buani afirmou que vai ao banco buscar por registros do cheque.

TESTEMUNHAS

¿As funcionárias do gabinete [de Severino] negaram à PF categoricamente as acusações de funcionários de Buani que disseram que entregavam valores a servidores do gabinete¿.

Severino justifica, por meio de depoimentos de servidoras, a negativa de que valores foram entregues em seu gabinete por funcionários de Buani. Três garçons do restaurante (Hélio Antônio da Silva, Rosenildo Soares e José Ribamar da Silva) confirmaram à Folha de S.Paulo a existência do mensalinho.

A VERSÃO DE BUANI

Na última quinta, Buani confirmou o pagamento a Severino de R$ 40 mil e, posteriormente, R$ 70 mil repassados mensalmente, em 2003, pela renovação do contrato do restaurante.