O Estado de São Paulo, n. 46686, 13/08/2021. Metrópole p.A12

 

Ministério tem 6,9 milhões de doses estocadas


Volume está parado no Aeroporto de Cumbica e parte aguarda aval da Anvisa; ministro da Saúde enfrenta cobrança dos Estados

Lauriberto Pompeu 

 

O Ministério da Saúde tem 6,9 milhões de doses das vacinas da Pfizer e da Coronavac contra covid-19 paralisadas no centro de distribuição da pasta, que fica localizado ao lado do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos.

A Saúde pretende determinar o envio de 3 milhões de doses a diferentes Estados do País até o próximo fim de semana. Os 3,9 milhões restantes ainda precisam do aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), que coordena o diálogo dos Estados sobre a pandemia do coronavírus, conversou com o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e foi informado sobre a quantidade em estoque e a perspectiva de liberação. "(Queiroga) disse que chegou a 6,9 milhões de doses (no centro de distribuição) e que conseguiu cumprir a regra de autorização sobre qualidade. De hoje para amanhã vai distribuir 3 milhões e falta esta autorização (da Anvisa) para liberar 3,9 milhões", afirmou.

Por causa da falta de doses, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), decidiu suspender, ontem, a vacinação por idade. "Recebemos nesta manhã (anteontem) só 37.962 doses. Para vacinar o grupo de 24 anos precisamos de 68 mil. Não vamos usar nosso estoque de segunda dose. Com isso, suspenderemos a vacinação da primeira dose. Só lembrando: Rio com muitos casos de Delta e estoque do ministério é de 11,2 milhões de doses", disse o prefeito anteontem.

Já nesta quinta Paes afirmou que torce pela chegada de novas doses no fim de semana. "Com as doses que já temos e com as que estão chegando hoje conseguimos garantir para amanhã (sexta) a vacinação das pessoas com 24 anos e para sábado as pessoas de 23 anos. Torcemos muito para que o Ministério da Saúde envie mais doses neste fim de semana", declarou por meio do Twitter.

O atraso na distribuição das vacinas para os Estados e municípios foi motivo de um embate entre o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Em entrevista coletiva realizada na quarta-feira, Doria declarou que o ministro era mentiroso. "Quero mandar uma mensagem para o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Ministro, aprendi com o meu pai que é feio mentir e que é feio prometer e não cumprir", disse o governador tucano.

Na semana passada, Queiroga se reuniu com o secretário estadual de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, e afirmou que busca um entendimento para atender o governo paulista. "As áreas técnicas do Ministério da Saúde e da Secretaria Estadual de Saúde têm algumas divergências em relação a metodologias de cálculos de doses de imunizantes, de tal maneira que conversamos de maneira muito detida e, inclusive, com as áreas técnicas, e demos uma missão a eles de chegarem a um denominador comum", declarou o ministro após a reunião.

 

Vacina aos 18. A cidade de São Paulo vai aplicar a vacina contra a covid-19 em jovens entre 18 e 21 anos neste fim de semana. Para isso, a gestão municipal está montando uma operação que se estenderá por 34 horas seguidas. No sábado, poderão se vacinar, das 7h às 19h, as pessoas de 20 e 21 anos.

A partir das 19h, até as 17h de domingo, a imunização estará aberta também para o público de 18 a 21 anos. Ao todo, são esperadas 600 mil pessoas nos dois dias, segundo a Prefeitura paulistana. Para atender a população das 19h de sábado até as 7h de domingo, haverá 16 postos em funcionamento (11 drive-thrus e cinco megapostos).

Procurado, o prefeito Ricardo Nunes disse ter vacina no estoque. Segundo o secretário de Saúde, Edson Aparecido, a megaoperação de vacinação na capital já estava no planejamento da gestão municipal. "Estávamos no aguardo do recebimento das doses. Essa ação será possível graças ao empenho dos profissionais de saúde, aos parceiros e à adesão dos paulistanos à vacina anticovid na capital", declarou.

Pelo cronograma oficial, nessa iniciativa não serão aplicadas segundas doses. A repescagem de outras faixas etárias e a aplicação das segundas doses na capital será retomada a partir de segunda-feira.

 

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Fiocruz prevê interrupção da queda nos números da covid

 

Fábio Grellet 

 

O Boletim Infogripe divulgado ontem pela Fundação Oswaldo Cruz, indica mudança na curva da pandemia de covid-19, com a interrupção na tendência de queda e a possível retomada do crescimento do número de casos e de óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Esse agravamento foi detectado a partir da análise de dados recolhidos de 25 a 31 de julho – a semana epidemiológica 30.

O Rio, com o maior número de casos da variante Delta no País, é um dos três Estados que apresentaram sinal de crescimento na tendência de longo prazo (últimas seis semanas) da SRAG. É a primeira vez que se detecta essa tendência desde o fim de março. Acre e Mato Grosso do Sul, os outros dois Estados nessa situação, registraram sinal moderado desse crescimento. O Rio apresenta sinal forte de crescimento na tendência de longo prazo e moderado na de curto prazo.

Nove Estados apresentam pelo menos uma macrorregião de saúde com transmissão comunitária em nível extremamente alto. Quanto às capitais, 13 integram macrorregiões com nível de transmissão comunitária alto, sendo 7 com nível extremamente alto.

A análise da Fiocruz detectou estabilidade nas tendências de curto e longo prazo em DF, Minas, Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Pernambuco, Rondônia e Santa Catarina. Já São Paulo, Bahia, Sergipe, Paraná e Rio Grande do Sul apresentaram crescimento na tendência de curto prazo.

Quatro das 27 capitais apresentam sinal de crescimento na tendência de longo prazo até a semana 31: Rio de Janeiro, Florianópolis, Porto Alegre e Rio Branco. Em nove capitais há sinais de queda na tendência de longo prazo. Aracaju (SE), Campo Grande (MS), Curitiba (PR) e São Paulo (SP) apresentam sinal de crescimento apenas na tendência de curto prazo. Dez capitais apresentam sinal de estabilização nas tendências de longo e curto prazo: Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Plano Piloto de Brasília e arredores (DF), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), Macapá (AP), Manaus (AM), Porto Velho (RO), Recife (PE) e Vitória (ES).