Título: Vale retoma investimento no manganês
Autor: Daniele Carvalho
Fonte: Jornal do Brasil, 12/09/2005, Economia & Negócios, p. A20

Em prosseguimento a sua estratégia de intensificar investimentos na área de manganês, a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) inicia nesta quarta-feira seu plano de modernização de unidades de processamento do minério. A primeira etapa do projeto será feita na Rio Doce Manganês (RDM), em Simões Filo, na Bahia, que absorverá desembolso de R$ 140 milhões até 2008.

O alvo inicial da Vale será a unidade de sinterização da RDM, que consumirá individualmente a maior parte dos recursos: cerca de R$ 45 milhões. O objetivo dos investimentos, de acordo com o diretor do Departamento de Manganês e Ligas da CVRD, Luis Carlos Nepomuceno, é implantar um sistema de processamento do minério menos poluente e mais produtivo.

- O processo utilizado na Bahia ainda é muito rudimentar. Com as obras, vamos aumentar nossa produtividade de 20% a 30%, passando das atuais 170 mil toneladas/ano para 210 mil toneladas/ano - diz Nepomuceno. A estimativa da mineradora é de que esta primeira fase do projeto esteja concluída já em agosto do ano que vem.

O processo de sinterização tem por objetivo aglomerar as partículas do minério de manganês a partir de sua mistura com finos de coque e carvão vegetal. Dessa maneira, ele pode ser utilizado nos fornos da fábrica. Como o minério proveniente da Mina do Azul, localizada em Carajás (PA), é muito fino para utilização direta nos fornos de grande porte da fábrica da Bahia, ele precisa, então, passar pela sinterização. A modernização vai permitir que o minério seja melhor aproveitado.

Após as obras na área de sinterização, a Vale vai entrar, ainda em 2006, numa segunda etapa da modernização da RDM, que abrangerá os fornos da unidade baiana.

- Vamos aumentar a potência de nossas três plantas e parar os fornos um a um. Esperamos concretizar o projeto até 2008 - explica o diretor.

A estratégia aplicada na unidade de Simões Filho poderá se estender a outras produtoras de ferroliga da Vale no país (Barbacena, Ouro Preto, Santa Rita e Corumbá). De acordo com Nepomuceno, ''a empresa estuda esta possibilidade''. Destas unidades, a mais antiga em operação é a de Barbacena.

No caso da usina de Simões Filho, o volume de produção não será aumentado. O incremento na produção será proveniente apenas de uma melhoria de produtividade.

- O mercado não é elástico, temos que acompanhar o crescimento da siderurgia - completa o executivo.

Quando assumiu as operações da RDM, em 2000, a unidade estava em concordata, realidade que mudou em cinco anos: em 2004, o negócio de manganês e ligas gerou para a CVRD receita bruta consolidada de US$ 666 milhões, 105,6% a mais do que em 2003.

A produção e as vendas de minério de manganês também foram recordes, com cerca de 2,7 milhões de toneladas produzidas, ou 21,7% a mais do que em 2003. O volume de vendas do minério atingiu pela primeira vez 1 milhão de toneladas, registrando aumento de 13,2% em relação ao ano anterior. Já as vendas de ferroligas para terceiros totalizaram 616 mil toneladas em 2004. Este ano, os investimentos previstos na área de manganês somam US$ 93 milhões.