Título: Medo de atentado favorece Bush
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Fonte: Jornal do Brasil, 04/11/2004, Internacional, p. A-9

Presidente segue escrita da reeleição nos EUA e vence com voto determinado pelos valores morais americanos

EFE Bonecos dos candidatos mostram a preferência por Bush na embaixada dos EUA no Reino Unido

WASHINGTON - O medo de um novo ataque terrorista influenciou as eleições de terça-feira, a favor do presidente republicano George Bush contra o rival democrata John Kerry, segundo pesquisas de boca-de-urna. O temor, somado ao fato de que o pleito envolvia um presidente, pode ter sido decisivo, já que a tendência do eleitorado normalmente é a de manter o incumbente a não ser que a situação interna seja percebida como muito ruim.

Desde a Segunda Guerra Mundial, apenas três presidentes não foram reeleitos nos EUA: Lyndon Johnson, Jimmy Carter e George Bush (pai). Johnson assumiu após o trauma do assassinato de John Kennedy e abriu mão da candidatura, Carter e Bush (pai) não foram capazes de suportar a pressão desencadeada por períodos de forte recessão durante o pleito.

Com relação ao medo de um ataque terrorista, 85% dos entrevistados disseram que optaram por George Bush citando o temor, ao serem questionados sobre o tema mais importante na decisão de votar, contra 15% que preferiram John Kerry por esta razão.

Em relação à imagem de um dirigente forte, o mesmo percentual escolheu Bush, contra 13% que preferiram Kerry. Como prova da forte mobilização de base religiosa conservadora, 78% dos eleitores disseram optar por Bush pelos valores morais do presidente, como a questão mais determinante do voto, em comparação com 19% que apoiaram John Kerry pelo mesmo motivo.

Cerca de 54% das mulheres declararam preferir Kerry, contra 45% que escolheram o republicano. A maioria dos homens (52%), por sua vez, votou em Bush. Em torno de 47% escolheram Kerry.

Todas as minorias também votaram amplamente a favor de Kerry: 90% dos eleitores negros, 56% de origem latino-americana e 61% asiáticos. Os jovens (18 a 29 anos) também preferiram o candidato democrata, com percentual de 56% contra 42% de Bush. Já os votos dos adultos entre 30 e 44 anos foram divididos de maneira praticamente igual, com 48% e 49% para cada candidato.

Do eleitorado de 45 a 59 anos, 51% escolheram Kerry e 48% optaram por Bush. Entre os que têm mais de 60 anos, 51% apoiaram o republicano contra 48% que ficaram com o senador por Massachusetts.

Quanto ao voto segundo orientação religiosa, 56% dos protestantes votaram em Bush e 43% em Kerry, 50% dos católicos escolheram o republicano contra 49% que optaram pelo candidato democrata.

Fiéis à tradição democrata, os judeus deram 78% de apoio a Kerry, enquanto 22% escolheram o presidente republicano.

Os americanos com renda superior a US$ 50 mil por ano optaram por Bush, por terem sido beneficiados pelas reduções de impostos, enquanto os mais pobres preferiram Kerry.

Segundo as últimas contagens, Bush recebeu quase 4 milhões de votos de vantagem na contabilidade nacional e ganhou 51% do voto popular, contra 48% do rival John Kerry, ao contrário do pleito de 2000, quando o republicano venceu no Colégio Eleitoral, mas perdeu no voto popular para o candidato democrata Al Gore.