Título: Oposição desiste de boicote
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Fonte: Jornal do Brasil, 13/09/2005, País, p. A3

Os partidos de oposição desistiram da idéia de boicotar as sessões presididas pelo presidente da Casa. Caíram em si diante da realidade de serem responsabilizados, por exemplo, pela não votação do processo de cassação de Roberto Jefferson (PTB-RJ), marcado para amanhã. Ao invés da radicalização, prometem um ato político contra Severino. - Vamos mostrar, nos discursos e nas intervenções, que a sessão estará sendo presidida por alguém que não tem autoridade para isso - antecipou Aleluia.

O PSDB ainda espera que o PT abrace a campanha ''Fora Severino''. O líder Goldman (SP) revelou uma conversa com o presidente do PT, Tarso Genro, dando conta que o partido apoiaria a iniciativa. Chegou a anunciar que o próprio Henrique Fontana - líder petista na Câmara - endossaria as palavras de Genro, mas ele nega.

- Representar contra Severino no Conselho de Ética não significa que a crise estará debelada. A saída é uma reunião do colégio de líderes para decidir o que fazer - defendeu Fontana.

Goldman ironizou a proposta, lembrando que uma reunião de todas as lideranças da Casa acabaria por incluir, necessariamente, o líder do PP, José Janene (PR) e do PL, Sandro Mabel (GO). Para o tucano, sendo Janene do mesmo partido de Severino Cavalcanti e Mabel de um partido envolvido com o escândalo do mensalão, não haveria nenhum clima para discutir ações contra corrupção.

Alheio à polêmica, o líder do PSB, Renato Casagrande (ES), confirmou que vai levar à bancada a intenção de assinar a representação. Mas o líder capixaba não perde a oportunidade de destilar o veneno diante da ânsia da oposição em derrubar Severino.

- Como eles elegeram Severino, querem se redimir e tirar essa mácula do DNA - brincou Casagrande, o líder do PSB.

O líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), reconheceu que o esforço do governo é para evitar que a crise paralise as votações da Casa, incluindo o processo de cassação de Jefferson.

- Não vamos colaborar com o esvaziamento da Casa. Até porque existem várias investigações simultâneas no Parlamento e temos que continuar governando - alertou Chinaglia.