Título: Carlos Rodrigues renuncia e escapa da cassação
Autor: Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 13/09/2005, País, p. A4

No mesmo dia em que a Comissão de Sindicância da Corregedoria da Câmara apresentou parecer favorável à investigação no Conselho de Ética dos 18 parlamentares indiciados pelas CPIs dos Correios e do Mensalão por quebra de decoro, um dos acusados, o deputado Carlos Rodrigues (PL-RJ) formalizou a renúncia. Sem comparecer à Câmara, usando um assessor, Rodrigues enviou carta de dez linhas em que apresenta o pedido, sem dar justificativa. Com a manobra, Carlos Rodrigues escapou de ser investigado pelo Conselho e assim evitou uma possível cassação de seu mandato, o que o deixaria inelegível por oito anos.

Eleito com mais de 192 mil votos pelo Estado do Rio de Janeiro, Rodrigues aparece na lista de beneficiários das contas de Marcos Valério Fernandes de Souza, como responsável por saques no valor de R$ 400 mil. Hoje ainda, a Câmara deve publicar sua renúncia e a nomeação de seu suplente, o médico proctologista e secretário de Saúde do município de Queimados (RJ), Reinaldo Gripp (PL-RJ).

Carlos Rodrigues é o segundo parlamentar acusado de envolvimento com o mensalão a renunciar. O primeiro foi o presidente do PL, Valdemar Costa Neto (SP).

- No primeiro turno da eleição de 2002, apoiei o Garotinho para presidente. Depois, fui chamado pelo deputado Valdemar para que apoiasse Lula. Apoiei, fiz dívida do partido, e o Valdemar mandou que eu recebesse o dinheiro em dezembro de 2003. Fiz a campanha de Lula, mas não saio magoado porque o presidente também não sabia nada disso.

Segundo Rodrigues, algumas pessoas no PT se comportaram ''como donos de botequim gerindo a Petrobras''.

- Quem é que ia imaginar que um partido com tantas proeminentes figuras, que só falavam em ética e correção iria cometer um erro desses? - indagou.

Rodrigues ambém procurou isentar o ex-ministro José Dirceu.

- Gosto do Zé Dirceu, tenho muito respeito e amizade por ele e não posso fazer juízo de valor sobre se ele deve pagar ou não.

No Rio, o ex-parlamentar disse que não pretendia fazer nenhum desabafo:

É um processo político. Com um julgamento político, você tem de tomar uma atitude política. Pelo que os líderes dos partidos estão falando, todos os 18 já estão condenados. Então, não vou me defender se já há um julgamento na cabeça de todos.

Antes de ter seu nome envolvido no caso do mensalão, o político fluminense já havia sofrido desgaste político e perdera a condição de bispo da Igreja Universal do Reino de Deus por ter sido acusado de envolvimento com o ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz, flagrado negociando propinas. Até então, ele era conhecido como Bispo Rodrigues.

Com Folhapress