Título: Deputados com a corda no pescoço
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Fonte: Jornal do Brasil, 13/09/2005, País, p. A5

Com a renúncia de Carlos Rodrigues restaram 17 parlamentares na lista de cassáveis preparada pelas CPIs. A Mesa Diretora da Câmara se reúne hoje e deve acatar o parecer, por unanimidade, confirmando a previsão do corregedor Ciro Nogueira (PP-PI). Mas uma barreira no processo de cassação está sendo levantada pelos petistas acusados de envolvimento no esquema do ¿mensalão¿. Eles prometem entrar com recurso, quarta-feira, na Mesa, para que sejam ouvidos pela Corregedoria Geral como aconteceu com outros dos 18 parlamentares investigados pelas CPIs dos Correios e do Mensalão como o deputado José Dirceu (PT-SP). O objetivo dos petistas é ganhar tempo e retardar o processo de cassação de seus mandatos no Conselho de Ética. O gabinete do deputado João Paulo Cunha (SP) foi palco ontem de reuniões envolvendo os petistas ameaçados. Além dele, estiveram presentes Paulo Rocha (PA), Josias Gomes (BA), Professor Luizinho (SP), José Mentor (SP) e João Magno (MG). Ainda ontem, os deputados Paulo Rocha e Professor Luizinho procuraram colegas da Mesa para mostrar cópias de sua defesa, enviadas por escrito à CPI dos Correios.

Os petistas questionaram o relatório apresentado pelo deputado Robson Tuma (PFL-SP). O documento, que será analisado hoje pela Mesa da Câmara, segue a mesma linha descrita pelas CPIs dos Correios e do Mensalão, ao concluir que há indícios suficientes para a perda de mandato dos parlamentares envolvidos, direta ou indiretamente com o esquema de Marcos Valério Fernandes de Souza.

¿ Vamos argumentar que é necessário ser instaurado um inquérito no qual possamos nos defender. O Conselho de Ética funciona como um juiz e não é o espaço para a defesa ¿ afirmou o deputado Paulo Rocha (PA).

Para Rocha, o parecer de Tuma apenas juntou os documentos encaminhados pelas CPIs dos Correios e do Mensalão e não ouviu nenhum dos deputados.

Para acelerar o andamento dos processos assim que chegarem ao Conselho de Ética, o presidente do conselho, deputado Ricardo Izar (PTB-SP), pretende devolver para a Mesa o pedido de abertura de inquérito contra quatro parlamentares contra os quais já existe investigação. Ficariam livres de um novo processo os deputados José Dirceu (PT-SP), Roberto Jefferson (PTB-RJ), Sandro Mabel (PL-GO) e Romeu Queiroz (PTB-MG).

¿ A idéia é evitar novos prazos para as defesas ¿ avaliou Izar.

Segundo ele, até a próxima quinta-feira todos os processos serão instaurados e a partir desta data, nenhum parlamentar investigado poderá renunciar sem prejuízo da inelegibilidade no caso de cassação.

A preocupação de Izar agora é definir os nomes dos relatores dos processos. Como o número de integrantes do Conselho é pequeno e ainda existe a questão partidária, será necessário convocar os suplentes.

¿ Já fizemos todo esse levantamento e até quinta vamos apresentar os nomes e possibilidades de levarmos os trabalhos adiante ¿ explicou Izar.

Um das possibilidades apresentadas para dar rapidez aos trabalhos é agrupar deputados de um mesmo partido, cujas acusações são semelhantes, no mesmo processo. Assim, bastaria um único processo para investigar os deputados petistas Professor Luizinho, João Paulo Cunha e José Mentor, por exemplo.