Título: Regalias serão apurados pela PF
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Fonte: Jornal do Brasil, 13/09/2005, País, p. A7
A direção-geral da Polícia Federal (PF) em Brasília comunicou ontem por telefone à Corregedoria Regional da PF de São Paulo o pedido de abertura de duas sindicâncias para apurar supostas irregularidades e benefícios cometidos nas prisões do ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf e de seu filho Flávio, preso no último fim de semana. De acordo com a assessoria da PF de Brasília, uma das sindicâncias vai apurar como um repórter da Rede Globo, não sendo policial, esteve presente durante toda a operação de prisão de Flávio. Ontem, Lázaro Gonçalves, o motorista da família Maluf, não pode entregar o almoço do ex-prefeito e de seu filho na sede da Superintendência da Polícia Federal, na Lapa, Zona Oeste de São Paulo.
No domingo, o diretor-geral da Polícia Federal, delegado Paulo Lacerda, havia informado que as sindicâncias seriam instauradas. A ordem de prisão de Paulo Maluf e Flávio foi decretada na noite de sexta-feira, após a juíza Sílvia Maria Rocha, da 2ª Vara Criminal de São Paulo, aceitar o pedido de prisão preventiva contra os dois.
Pai e filho são acusados de formação de quadrilha, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Se condenados, a soma das penas mínimas é de oito anos de prisão. Como os advogados dos Maluf negociaram para que eles se entregassem espontaneamente, o ex-prefeito chegou à sede da PF no início da madrugada de sábado. Ele veio em um Santana preto, acompanhado por advogados e seguranças e se recusou a falar com os jornalistas. Flávio havia prometido entregar-se às 7h de sábado, no heliponto do Morumbi, na Zona Sul, mas foi abordado por policiais federais, por volta das 5h, quando estava em sua fazenda, em Dourado, no interior paulista.
José Roberto Batocchio e José Roberto Leal, advogados que defendem pai e filho, entram hoje com o pedido de habeas-corpus em favor de seus clientes. Os dois irão ao tribunal Regional Federal da 3ª Região, às 14h. José Roberto Batocchio pedirá a liberdade de Paulo Maluf e José Roberto Leal a de Flávio Maluf.
Os advogados vão argumentar que o doleiro Vivaldo Alves, a quem Paulo e Flávio teriam coagido, segundo o Ministério Público (MP) Federal, é réu e não testemunha.
- Ele nunca será testemunha. Será apenas réu perdoado - disse Batocchio.
O fato de Flávio ter sido algemado pela PF também será questionado. Segundo ele, o procedimento foi questionado por constitucionalistas e criminalistas por Flávio não oferecer risco.
O decreto da prisão do ex-prefeito e de seu filho só foi conhecido pelos advogados na manhã de ontem.
O advogado Anésio Campos Junior ingressou com um pedido de habeas-corpus em favor de Paulo Maluf no domingo. O pedido foi indeferido no final da tarde de ontem. Anésio Campos disse ser amigo do ex-prefeito e lembrou que estudaram juntos. Além disso, contou não ter tido acesso aos autos do processo e disse que Maluf está sendo ''injustiçado''. Luiz Carlos Alencar, que é advogado em Fortaleza, enviou ontem ao TRF 3ª Região, por fax, um pedido de habeas-corpus, que ainda não foi julgado.