Título: Menos barreiras para pólo financeiro
Autor: Samantha Lima
Fonte: Jornal do Brasil, 13/09/2005, Economia & Negócios, p. A19

O Brasil precisa liberalizar o mercado financeiro, reduzindo os entraves legislativos à entrada do capital e criando regras mais claras, para que a criação de um centro financeiro seja bem-sucedida. A opinião é do Lord Mayor da City of London - administrador do centro financeiro da capital inglesa -, Michael Savory. Presente ao seminário sobre abertura do mercado de resseguros - o chamado ''seguro do seguro'' - , realizado no Rio, Lord Savory veio conversar com autoridades e empresários sobre uma eventual colaboração técnica à possível abertura de um centro financeiro no país.

A discussão sobre a criação de um centro financeiro já vem mobilizando autoridades fluminenses. Um grupo executivo foi formado pelo governo do estado para criar um pacote tributário. A idéia é que o centro seja especializado no mercado de seguros e resseguros.

Em entrevista ao JB, Lord Savory disse que, sem novas regras, o centro não será capaz de atrair capital estrangeiro.

- É preciso remover os entraves legislativos para trazer o capital. Com regras e contratos deficientes, o investidor fica desconfiado e se afasta.

Segundo Lord Savory, Londres está disposta a colaborar tecnicamente com o Brasil.

- O importante é definir o foco. Além do resseguro, o Brasil poderia se especializar no comércio de crédito de carbono. O importante é que, em qualquer das áreas, haja capacitação dos profissionais e a construção de uma infra-estrutura de estradas e de comunicações. No Reino Unido, a parceria com empresas privadas foi fundamental. No Brasil, as Parcerias Público-Privadas poderão ajudar.

Lord Savory veio acompanhado de representantes de empresas britânicas de resseguro, atentas à abertura do setor. Um projeto de lei que tramita no Congresso prevê a quebra do monopólio desse mercado, hoje nas mãos do estatal Instituto de Resseguros do Brasil. O resseguro é contratado por seguradoras que querem reduzir os riscos com contratos de grande porte. Uma delas, a Benfield, presente no Brasil há seis anos, presta consultoria e cuida de alguns contratos repassados pelo IRB.

- Apostamos em conquistar 25% do mercado cinco anos após sua abertura - disse Aidan Pope, diretor para a América Latina da Benfield.

Também no evento, o novo presidente do IRB, Marcos Lisboa, afirmou que as empresas e as famílias serão beneficiadas pela abertura do setor ressegurador, embora não sejam os clientes diretos desse mercado.

- A abertura do mercado incentivará as seguradoras a oferecer produtos que não existem no Brasil e reduzirá o custo das apólices para os grandes clientes, porque, com a concorrência, as apólices refletirão melhor os riscos envolvidos.