O Estado de S. Paulo, n. 46706, 02/09/2021. Economia, p. B4

Guedes reafirma 'volta em V' no Brasil

Idiana Tomazelli


Apesar da queda no Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre de 2021, o ministro da Economia, Paulo Guedes, reafirmou ontem que a economia "voltou em V", recuperando-se da recessão provocada pela pandemia de covid-19. Segundo ele, a queda mostra que a economia ficou "praticamente de lado", ou seja, estável.

"Diziam que eu estava em universo paralelo quando eu dizia que Brasil ia voltar em V", disse o ministro durante o lançamento da agenda legislativa da Frente Parlamentar pelo Brasil Competitivo. "A economia voltou em V, estamos crescendo novamente. Hoje saiu um dado (PIB), é praticamente de lado. Como foi -0,05%, arredondou para -0,1%. Se fosse -0,04% era zero", afirmou. "Não podemos nos deixar abater. Conversa derrotista, que Brasil não vai crescer, vai parar... Isso só depende de nós. Brasil voltou em V porque não nos deixamos abater. Podemos crescer bastante no ano que vem", disse o ministro, embora a maior parte de uma centena de instituições financeiras consultadas pelo Banco Central espera no ano que vem expansão de 2% do PIB e alguns economistas preveem, inclusive, número menor. "Se vai ser 2%, 3%, 4% (o crescimento em 2022), depende de nós", disse.

Guedes afirmou que o segundo trimestre foi o "mais difícil", devido ao novo pico de casos e mortes pela covid-19 e seus impactos na economia. Nesse período, vários locais voltaram a impor restrições à circulação e reforçaram a adoção de medidas de distanciamento social.

Segundo o IBGE, o PIB registrou ligeira queda de 0,1% no segundo trimestre em relação aos três primeiros meses do ano.

No primeiro trimestre de 2021, a economia havia surpreendido com um aumento de 1,2% no PIB na comparação com os três últimos meses de 2020. A retomada do início do ano foi puxada por atividades voltadas à exportação, como a agropecuária e a indústria extrativa, enquanto a demanda interna foi mais morna.

Guedes ressaltou que, apesar do recrudescimento da pandemia no segundo trimestre de 2021, o governo "manteve responsabilidade fiscal". "Brasil enfrentou desafio extraordinário, mas pagando custos", disse. "Não faltou dinheiro para saúde, mas mantivemos compromisso de controle das despesas", afirmou.

O ministro disse ainda que o governo tem seguido a agenda proposta desde o início da gestão e mantido a interlocução com empresários.

Ele reconheceu que "é uma agenda difícil", mas afirmou que há avanços e repetiu que o Congresso é "reformista" e acrescentou: "Não perdemos a bússola, todas as reformas estão integradas".

'Qualidade.' Apesar do desempenho negativo da economia entre abril e junho, o Ministério da Economia avaliou em comunicado que o País tem tido uma recuperação econômica mais rápida do que a de outros países. "Mais relevante do que observar o número do crescimento é analisar a sua qualidade", disse a pasta. "No acumulado em 4 trimestres, o Brasil supera países desenvolvidos como o Reino Unido e Alemanha e em relação aos emergentes, fica atrás apenas da China e do Chile", destacou, na nota.

A Economia ressaltou que a recuperação vem sendo puxada pelo setor privado, com aumento de investimentos e poupança. O ministério citou "a não continuidade da consolidação fiscal, o recrudescimento da pandemia e o risco hídrico" como os principais riscos à recuperação esperada nos próximos meses. O governo espera um crescimento de 5,3% no ano, seguido de uma alta de 2,51% no PIB do ano que vem.

Discurso confiante

"Não podemos nos deixar abater. Conversa derrotista, que Brasil não vai crescer, vai parar... Isso só depende de nós. Brasil voltou em V."

Paulo Guedes

Ministro da Economia