O Estado de São Paulo, n. 46700, 27/08/2021. Metrópole p.A15

 

Vacina da Pfizer contra covid-19 será fabricada no Brasil a partir de 2022

 

Priscila Mengue

Eduardo Gayer

 

A Pfizer e a BioNTech anunciaram ontem a assinatura de uma carta de intenção com a farmacêutica brasileira Eurofarma para a produção da vacina contra a covid-19 no País. Segundo comunicado das empresas, os procedimentos de transferência de tecnologia, desenvolvimento local e instalação de equipamentos começarão "imediatamente", com início da fabricação em 2022.

A empresa brasileira será responsável pela produção e distribuição do imunizante (chamado Comirnaty) para a América Latina. A estimativa é de entrega de mais de 100 milhões de doses anualmente, fabricadas em Itapevi, Grande São Paulo.

O produto é uma das quatro vacinas contra o coronavírus autorizadas para aplicação no Brasil, sendo o único até o momento liberado para adolescentes de 12 a 17 anos. Na quarta-feira, o Ministério da Saúde anunciou o início da aplicação da terceira dose de imunizantes em parte da população idosa e imunossuprimidos em setembro.

Com o acordo, a cadeia de produção chegará a quatro continentes, totalizando 20 plantas fabris. As empresas dizem ter entregue este ano mais de 1,3 bilhão de doses da vacina. E o montante deve chegar a 3 bilhões até o fim de dezembro.

O imunizante aplicado hoje no Brasil é produzido em duas fábricas nas cidades de Kalamazoo, em Michigan, e McPherson, no Kansas, e em uma fábrica na Europa (em Purrs, na Bélgica). De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o processo de inclusão de um novo local de fabricação no registro de uma vacina envolve duas etapas principais: a certificação e a inclusão deste novo local na cadeia produtiva da vacina registrada pelo órgão. "A solicitação deve ser feita pelo laboratório no momento que entender que a nova linha de produção tem condições de atender requisitos técnicos", disse, por meio de nota.

 

Governo federal. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, atribuiu a decisão da Pfizer de produzir sua vacina contra covid-19 em parceria com a BioNTech no Brasil ao caráter "liberal" do governo. "Por que a Pfizer quer vir para o Brasil? Porque é inteligente e sabe que neste país tem governo liberal, governo que respeita a legislação e quer participar de áreas fundamentais, como saúde e educação", declarou em pronunciamento nesta quinta-feira.

O gerente-geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, teceu elogios ao "trabalho e esforço" do governo federal. Mas anteriormente, ao depor na

CPI da Covid-19, havia listado nove ofertas do imunizante feitas pela farmacêutica em cinco datas diferentes que foram ignoradas pelo governo federal. Segundo afirmou, o Brasil deixou de receber ao menos 4 milhões de doses no primeiro semestre

E tanto o presidente Jair Bolsonaro quanto o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello fizeram críticas públicas a exigências da farmacêutica. "Lá no contrato da Pfizer está bem claro. Nós ( Pfizer) não nos responsabilizamos por qualquer efeito colateral. Se você virar um jacaré, é problema seu", disse

 

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Brasil: menor média de óbitos do ano

 

Com mais 875 mortes por covid-19 registradas em 24 horas, o Brasil teve ontem a menor média móvel de vítimas do ano – 696, conforme o consórcio de veículos de imprensa, que inclui o Estadão. É o menor patamar desde 30 de dezembro.

Ontem, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, já havia destacado que, nos últimos 60 dias, o Brasil apresentou queda de 60% nos casos de covid-19 e de 58% nos óbitos pela doença. Ao todo, o País contabiliza 577.605 vítimas e 20.675.343 diagnósticos positivos.