Título: Maluf conta as horas para sair da cadeia
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 14/09/2005, País, p. A8

O advogado José Roberto Batochio ingressou ontem no Tribunal Regional Federal (TRF) de São Paulo com um pedido de habeas corpus para que Flávio Maluf responda em liberdade à acusação de lavagem de dinheiro e corrupção. Já a defesa do ex-prefeito Paulo Maluf (PP) deverá apresentar recurso apenas hoje. Enquanto isso, o ex-prefeito tem o mesmo tratamento dispensado aos demais presos na carceragem, por determinação da juíza corregedora dos presídios da Justiça Federal, Raecler Baldresca. A decisão da juíza foi tomada após as notícias de que Maluf havia recebido da família alimentação especial e teve o direito de usar o telefone.

O advogado criminalista Luiz Fernando Pacheco afirma que não há legislação sobre a comunicação do preso com a família. Trata-se de um procedimento administrativo a cargo do responsável pela custódia, que responderá por eventuais abusos. Ainda segundo ele, ''o critério é o da razoabilidade'', e não seria necessário obter autorização específica do juiz para fazer os telefonemas. Como o ex-prefeito foi preso sob acusação de tentar pressionar uma testemunha, porém, as ligações para familiares teriam que ser limitadas e controladas pela autoridade da custódia.

Segundo o advogado José Roberto Leal, o que retardou a entrada do pedido de habeas corpus do ex-prefeito foi a convocação de Maluf para um depoimento na Polícia Federal, que ocorreu no período da manhã.

- Eu estava trabalhando no habeas corpus, mas tive de interromper tudo para acompanhar o depoimento de Maluf em um inquérito de oito, dez anos atrás. Isso atrapalhou bastante - disse Leal.

O ex-prefeito foi ouvido na condição de testemunha em inquérito aberto para apurar se investidores do fundo de pensão da Funcef, da Caixa Econômica Federal, tiveram informação privilegiada em investimentos na bolsa.

O advogado José Roberto Batochio, que está confiante na libertação de seu cliente ainda nesta terça-feira, defende o direito de Flávio Maluf de pedir ao doleiro Vivaldo Alves, o Birigüi, que falasse somente em juízo, ou seja, que não revelasse à Procuradoria e à Polícia Federal o que sabia sobre as operações.

- Ele não é traficante e não agrediu ninguém - disse Batochio. Flávio foi flagrado em escutas telefônicas supostamente tentando impedir o depoimento do doleiro à polícia.

Paulo Maluf e o filho estão presos na carceragem da Polícia Federal de São Paulo desde a madrugada de sábado.