Título: BNDES lança financiamento coletivo
Autor: Daniele Carvalho
Fonte: Jornal do Brasil, 14/09/2005, Economia & Negócios, p. A21

Pela primeira vez, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) destinará recursos para financiar Arranjos Produtivos Locais (APLs) no país. Batizada como Programa de Investimentos Coletivos Produtivos (Proinco), a linha terá a função de facilitar o acesso à modernização, capacitação e ampliação de associações regionais de negócios formadas por pequenas e médias e microempresas. - Esta será a estréia do banco em financiamento voltado para um grupo de empresas e não individual, como sempre fizemos - comenta o diretor da área de Inclusão Social e Operações Indiretas do BNDES, Maurício Borges Lemos, adiantando que a linha terá recursos de R$ 80 milhões para os próximos três anos.

Além do aspecto coletivo, outro diferencial do programa está na taxa de juros aplicada pelo BNDES, que será de TJLP mais 1% ao ano, quando a média da instituição é de TJLP mais 2,5% ao ano. O prazo do financiamento é de até 10 anos, mas as garantias apresentadas precisam atingir 100% do valor total do empréstimo.

Lemos explica que o objetivo da linha não é financiar novos arranjos produtivos, mas criar condições de aprimoramento e expansão dos já existentes. Por isso, não serão contemplados no Proinco financiamentos para a compra de terrenos, imóveis ou despesas correntes.

Lançado há dois meses, o novo financiamento foi oficialmente divulgado ontem pelo banco, durante a 2ª Conferência Nacional de Arranjos Produtivos Locais. Neste período, o banco já enquadrou sua primeira solicitação: um financiamento para a Associação dos Apicultores da Microregião de Simplício Mendes, no Piauí, que receberá R$ 1,4 milhão para adequar sua produção às exigências de um selo internacional de exportação do produto. O arranjo produtivo, que tem o apoio do Sebrae, é composto por 979 associados de 30 comunidades pertencentes a oito municípios da região.

De acordo com o banco, já existe uma dezena de projetos em perspectiva, nas áreas de calçados e fruticultura.

- Acredito que em um ano, por conta do Proinco, os APLs estejam mais robustos - avalia o executivo.

De acordo com dados do Sebrae, o Brasil abriga hoje cerca de 500 APLs. Deste total, apenas pouco mais de 150 são associados à instituição. Entre eles está o pólo de moda íntima de Nova Friburgo (RJ), considerado um dos mais organizados do país. A associação concentra cerca de 1.200 empresas, que geram 20.400 empregos.

Em São Paulo, o presidente do BNDES, Guido Mantega, anunciou ontem que até o fim do mês fechará uma captação de US$ 3 bilhões com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Esses recursos serão utilizados para financiar pequenas e médias empresas. Mantega não descartou, no entanto, que uma parcela possa ser usada para ampliar a oferta de crédito às empresas que estejam se internacionalizando.

Com Cristina Borges Guimarães