Título: Cassação:Governo respira aliviado
Autor: Karla Correia e Paulo de Tarso Lyra *
Fonte: Jornal do Brasil, 15/09/2005, País, p. A6

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi informado, por telefone, pelo ministro Jaques Wagner (Relações Institucionais) do resultado da votação que cassou o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) quando o placar dava o número mínimo suficiente. A reação de Lula foi de alívio, de ¿página virada¿. O presidente está em viagem a Nova York e chega hoje à noite a Brasília. Para o governo, o desfecho dos processos de cassação pode ajudar a atenuar um pouco a crise. Quando o voto de número 257, suficiente para cassar o deputado foi confirmado pela Mesa, o plenário já estava quase vazio. Poucos deputados permaneceram na Casa para receber o resultado. Um silêncio constrangedor abateu-se entre os presentes. Não houve comemoração, apesar da consciência de que a Câmara está apenas iniciando o processo de faxina após as denúncias de compra de votos.

¿ Este era o único caminho a trilhar para iniciar um processo de auto-limpeza ¿ disse o líder do PSB na Casa, Renato Casagrande (ES).

Após o discurso e o voto na cabine, o presidente licenciado do PTB voltou para casa, para acompanhar pela televisão o resultado final. Dos aliados, os únicos que permaneceram até o final foram o líder do PTB, José Múcio Monteiro (PE), o vice-líder Luiz Antônio Fleury (SP) e os advogados que prometem entrar no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a cassação do deputado.

¿ Lamento pela sociedade que torcia para que seu mandato fosse poupado ¿ resumiu Múcio.

José Eduardo Cardozo (PT/SP) acredita que o Congresso deu uma resposta para a sociedade.

¿ Jefferson é um orador brilhante, mas não foi capaz de mudar os fatos com suas palavras ¿ ponderou.

O deputado Paulo Delgado (PT-MG) atribuiu a cassação ao discurso agressivo, quando Jefferson atacou Lula, o relator Jairo Carneiro e repetiu que a decisão da CCJ era fascista.

¿ Ele provou que era réu confesso. Sua fala foi fatal. Com agências