Título: Verticalização é ameaça, diz Roriz
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 15/09/2005, Brasília, p. D3

O fantasma da verticalização ainda ronda os bastidores das eleições no DF em 2006. A expectativa dos partidos aliados do governador Joaquim Roriz é de que o Congresso Nacional derrube a obrigatoriedade do alinhamento das composições em âmbito regional com a nacional, para que os partidos estejam livres para articulações no próximo ano. Com PSDB, PMDB e o próprio PFL ensaiando o lançamento de candidaturas à Presidência da República, nas siglas que abrigam pré-candidatos à sucessão no GDF a preocupação aumenta, assim como as chances de lançamento de chapas independentes no Palácio do Buriti. Caso uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) de autoria do deputado federal Ney Lopes (PFL-RN), já aprovada na Comissão de Constituição Justiça (CCJ) do Senado Federal, conclua a tramitação até o final deste mês, o prazo limite para alterações na legislação eleitoral para o dia 31 de dezembro poderá ser esticado. Com isso, o Congresso ganha tempo para votar a reforma política.

O governador Joaquim Roriz admite que terá dificuldades caso persista a legislação que regeu as eleições de 2002.

- Ela [verticalização]prejudica a todos, acho que é unanimidade entre os políticos. Não para o Executivo, mas para os parlamentares prejudica, por não poder haver coligação - disse Roriz ontem, durante uma cerimônia de promoção de mil policiais militares, no Setor Policial Sul.

Com ajuda do governador peemedebista, o PSDB vem inflando seus quadros para garantir pelo menos quatro vagas na Câmara Legislativa. A expectativa é fortalecer o tucanato, caso as duas legenda sejam obrigadas a caminhar separadas no próximo ano.

Outro prejudicado poderá ser o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Maurício Corrêa, que pretende se filiar até o final do mês no PDT. O partido, que por intermédio do próprio Maurício tenta costurar uma aliança com o governador, terá em seus quadros o senador Cristovam Buarque, recém-saído do PT, o que poderá ser um grande entrave nas negociações. Perguntado se teria dificuldades em apoiar um candidato que divide legenda com um de seus maiores inimigos políticos, Roriz respondeu destacando sua relação com o PT.

- O PT eu não apóio. Minha vida pública aqui foi anti-petismo. Se penso exatamente o contrário deles, eu não posso apoiar jamais - disse o governador, ratificando que apoiará apenas um dos cinco atuais pré-candidatos de seu grupo, mas que ainda não escolheu quem: ''depende de muitos acontecimentos, da superação da crise, de uma legislação que precisa ser modificada''. No entanto, ele permaneceu sem revelar o teor das conversas com Corrêa na última terça-feira, na residência oficial de Águas Claras.

Para a vice-governadora Maria Abadia de Lourdes Abadia, uma coligação branca entre PMDB e PSDB, no caso de sustentação da verticalização. O ex-deputado federal Jofran Frejat, que no pleito passado obteve 433 mil votos para o Senado mas não conseguiu uma vaga, afirma que, caso se mantenha a verticalização, poderá até mesmo desistir de uma nova candidatura em 2006. Em 2002, sua sigla, o PP, lançou Benedito Domingos ao GDF e Frejat, que por mais de cinco anos foi secretário de Saúde das gestões Roriz, ficou sem apoio do governador. Agora, com um pé fora do PP, ele vê dificuldades para encontrar novo abrigo partidário.

- Acredito que muitos candidatos que buscam filiação correrão aos pequenos, como PP, PTB e PL. O problema é que estes carregam a mancha do mensalão - avalia.