Correio Braziliense, n. 21591, 28/04/2022. Política, p. 2

Planalto vira palco de críticas



Na solenidade batizada de “Ato Cívico pela Liberdade de Expressão”, o Palácio do Planalto foi transformado em palco de discursos contra o Supremo Tribunal Federal (STF), a imprensa e a esquerda por parte de parlamentares da base aliada do governo federal e do próprio presidente Jair Bolsonaro (PL).

Na prática, o evento — organizado pelas bancadas evangélica e da segurança pública — foi um endosso ao perdão concedido por Bolsonaro ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), em decreto publicado menos de 24 horas após o Supremo Tribunal Federal (STF) condenar o parlamentar a oito anos e nove meses de cadeia por ataques à democracia e às instituições.

Além de ser aplaudido na chegada à solenidade, Silveira, nomeado, ontem, para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, foi tietado com pedidos de fotos e vídeos.

Disparos

No total, 22 deputados e um senador discursaram na cerimônia, além do próprio Bolsonaro. O líder da frente parlamentar evangélica, a bancada da Bíblia, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), abriu os trabalhos com um discurso em defesa de Silveira.

“Determinados grupos se acham no direito de sobrepor suas verdades aos demais, não podendo ser contestadas. A liberdade de expressão conferida ao parlamentar está garantida pela Constituição Federal”, declarou.

O deputado Capitão Augusto (PL-SP), presidente da Frente Parlamentar da Segurança Pública, a bancada da bala, chamou o evento de “ecumênico”. “Não é para A ou B, é para todo o Brasil”, frisou. Ele também é vice-presidente nacional do PL, partido de Bolsonaro.

Já o vice-líder do governo, o deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) exibiu um áudio de reportagem da CNN Brasil com a afirmação de que Silveira divulga fake news e defende golpe de Estado. Em seguida, criticou a imprensa. “Se eu me sentir ofendido, eu processo. Mas eu não tenho como mandar prender os jornalistas da CNN”, declarou, arrancando aplausos da plateia bolsonaristas. O deputado João Carlos Gurgel (PL-RJ) pediu uma reforma do Poder Judiciário.

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