Título: Medida necessária, mas tímida
Autor: Mariana Carneiro e Alessandra Bellotto
Fonte: Jornal do Brasil, 15/09/2005, Economia & Negócios, p. A17
A timidez do Comitê de Política Monetária (Copom) na redução da taxa básica de juros foi alvo de críticas do setor produtivo. O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, disse que o BC demorou demais para se render às evidências da economia e dar início à trajetória de queda da taxa.
- A decisão é bem-vinda, antes tarde do que nunca. E poderá contribuir para estimular o nível de atividade, num momento grave, em que os setores produtivos e a sociedade preocupam-se com as incertezas geradas pela crise política.
Skaf, no entanto, alfinetou o Copom, ao comentar o ''largo atraso'' com que a medida foi tomada.
- Embora insuficiente para o que se deseja em termos de expansão econômica, ao menos representa o início, assim esperamos, de um ciclo de reduções sucessivas da taxa de juros - avaliou Boris Tabacof, diretor do Departamento de Economia do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp).
Para Tabacof, vários índices de preço continuam registrando deflação, a produção industrial aponta tendência declinante e o movimento do comércio vem se enfraquecendo.
- Portanto, definitivamente não há pressão de demanda.
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, foi mais um a considerar conservadora a decisão do Copom. Para ele, havia espaço para uma queda maior.
- A queda dos juros era uma decisão que esperávamos, mas ela precisava ser mais efetiva. Foi mais uma vez conservadora - disse Monteiro Neto.
Em nota, a Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) diz que a decisão de ontem foi adequada aos resultados da política monetária, que evidenciam a convergência da inflação para as metas.
''No entanto, é importante frisar que a continuidade deste processo de redução dos juros para patamares compatíveis com economias semelhantes dependerá do rápido andamento de reformas estruturais'', ressalta o comunicado da Firjan.
Para Carlos Ayres, economista e professor da FGV-SP, ''já era hora de a taxa cair''.
- As condições econômicas estão extremamente favoráveis - garantiu. (A.B.)