Título: PF pede quebra de sigilo
Autor: Renata Moura*
Fonte: Jornal do Brasil, 16/09/2005, País, p. A2

A Polícia Federal vai sugerir hoje ao Supremo Tribunal Federal (STF) a quebra do sigilo bancário e telefônico do presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE). Também será solicitada a quebra do sigilo do empresário Sebastião Augusto Buani, dono dos restaurantes Fiorella, que apresentou cópia de cheque de R$ 7,5 mil anteontem à PF, que teria sido usado para pagar propina a Severino. A PF espera encontrar sinais do do mensalinho nas contas de Severino. Buani disse ter entregue, no total R$ 110 mil ao presidente da Câmara. O cheque apresentado à PF, como suposto pagamento do mensalinho, é nominal a Gabriela Kênia Martins, secretária particular do presidente da Câmara.

- Queremos cruzar os dados para saber onde entrou e onde saiu dinheiro - disse um dos investigadores.

Gabriela Kênia afirmou em seu segundo depoimento que o cheque de Buani era para pagar despesas de campanha política de Severino Júnior, filho do presidente da Câmara, já falecido, que na época era candidato a deputado estadual em Pernambuco.

A polícia também vai aprofundar as investigações sobre o deputado Gonzaga Patriota (PSB-PE), suspeito de redigir o texto-base do documento que deu origem à denúncia do mensalinho. A PF deverá ouvir a filha de Buani, Gisele, que seria responsável pelo pagamento da propina. Buani poderá ser ouvido novamente, pois é também acusado de tentativa de extorsão.

A decisão de enviar o inquérito ao STF hoje é estratégia da PF para firmar competência, já que o episódio envolve investigação de parlamentar. É também uma forma de evitar a nulidade de quaisquer diligências que possam ser feitas.