Título: Deputado considera decisão ''natural''
Autor: Deniel Pereira, Paulo de Tarso Lyra e Renata Moura
Fonte: Jornal do Brasil, 16/09/2005, País, p. A3

O deputado José Dirceu (PT-SP) considerou ''muito natural, uma questão de analogia'' a decisão do Supremo Tribunal Federal de estender a ele o direito de defesa prévia, concedido a seis parlamentares do PT denunciados pela CPI dos Correios.

Dirceu entrou e saiu rapidamente do plenário e do cafezinho da Câmara só a tempo de comentar a decisão do STF com jornalistas que se amontoaram em torno dele.

Ante a irritação do Congresso frente à decisão de Jobim, considerada intromissão do Judiciário no Legislativo, Dirceu disse que os críticos usavam ''dois pesos e duas medicas''. Alegou que, ao acatar a sua petição, o STF concedeu o direito de ser ouvido sobre o relatório da CPI dos Correios.

Ele deve entrar com recurso no STF na próxima semana, para saber se pode ser processado por episódios ocorridos quando era chefe da Casa Civil e não exercia o mandato parlamentar.

Dirceu é o deputado que teve o maior espaço no relatório das CPIs. Os relatores Osmar Serraglio (PMDB-PR) e Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG) se basearam nos depoimentos de Roberto Jefferson (PTB-RJ), do tesoureiro informal do PTB, Emerson Palmieri, e da mulher de Marcos Valério, Renilda Santiago, para pedir a cassação de Dirceu.

Também ontem, o deputado Professor Luizinho (PT-SP) prestou depoimento na sede da Polícia Federal em Brasília e reafirmou que R$ 20 mil foram sacados da conta de Marcos Valério Fernandes de Souza no Banco Rural por seu assessor e tinham como destino campanhas de vereadores de São Paulo.

- Foi uma relação do meu assessor com o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares para pegar um aporte de apoio às campanhas de vereadores. Como meu assessor e Delúbio disseram, não tive participação - explicou.