O Estado de S. Paulo, n. 46717, 13/09/2021. Política, p. A8

'Que a carta se perpetue como tônica', diz Pacheco

Daniel Weterman


O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou esperar que a nota em que o presidente Jair Bolsonaro recua dos ataques ao Supremo Tribunal Federal e fala em "harmonia" seja a "tônica" na relação entre os Poderes daqui em diante.

"Precisamos de união e pacificação no Brasil, e a carta à Nação do presidente da República é uma sinalização muito positiva. Portanto, eu guardo muita expectativa e confiança de que ela se perpetue como uma tônica entre as relações dos Poderes a partir de agora, porque isso é fundamental para o País", disse o presidente do Senado, ontem, após participar de um evento em comemoração aos 40 anos do Memorial JK, em Brasília.

Em meio às manifestações convocadas contra o governo Bolsonaro em 15 capitais do Brasil, o presidente do Senado declarou que respeita todos os atos, tanto os de ontem quanto os de 7 de Setembro. "Democrata que sou, republicano que sou, considero que manifestações fazem parte de uma democracia viva", declarou.

No evento, Pacheco disse ainda que espera que os líderes das instituições se reúnam para solucionar os problemas no País.

Pressionado por ameaças de impeachment e pelos protestos de caminhoneiros, Bolsonaro recuou do tom adotado nos discursos de 7 de Setembro e, na quinta-feira passada, divulgou nota em que chegou até mesmo a elogiar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Dois dias antes, o presidente chamou Moraes de "canalha" e prometeu desobedecer decisões do magistrado.

Temer. O texto da nota foi elaborado com a ajuda do ex-presidente Michel Temer, que se reuniu com Bolsonaro em Brasília. Na carta, o presidente disse que as declarações sobre Moraes foram feitas no "calor do momento" e que não teve "nenhuma intenção de agredir quaisquer dos Poderes". Após o recuo do presidente, o ministro da Justiça, Anderson Torres, se reuniu com Moraes na sexta-feira. Segundo ele, foi uma "conversa republicana".