Título: Celular com venda a vapor
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Fonte: Jornal do Brasil, 16/09/2005, Economia & Negócios, p. A19
Impulsionado pelas campanhas para promoção das vendas no Dia dos Pais das operadoras, aliadas às facilidades no crédito e ao avanço da renda nos últimos meses, o mercado de telefonia celular cresceu 34% em agosto em relação ao mesmo mês de 2004. No período, foram vendidos 2,368 milhões de linhas, o que proporcionou um avanço de 3,09% no total de habilitações em comparação a julho. Foi quase um celular vendido por segundo no país, aponta a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). As vendas tiveram o segundo melhor resultado do ano, atrás apenas de maio - em que as campanhas publicitárias tiveram como tema o Dia das Mães - quando foram vendidas 2,95 milhões de novas linhas.
O mercado de celulares atingiu o total de 78,9 milhões de usuários no fim do mês passado. A cada grupo de 100 pessoas, existem 42,8 aparelhos habilitados. O mercado de pré-pagos ainda predomina, respondendo por 81,2% dos celulares em funcionamento. Já os celulares de conta correspondem a 18,8% do total.
A Vivo, empresa controlada pela Portugal Telecom e pela espanhola Telefônica Móviles, reduziu sua participação no mercado de telefonia móvel brasileiro para 36,47% em agosto, a partir dos 37,28% registrados em julho, informou a Anatel. A participação de mercado da Telecom Italia Mobile (TIM) subiu para 22,81% em agosto, contra os 22,43% de julho, e a fatia da Claro cresceu para 21,68%, comparativamente aos 21,47% do mês anterior.
O Distrito Federal é a unidade da federação com o maior número de celulares por grupo de 100 habitantes: 117,7, seguido de Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro, com 61,7 e 59,21, respectivamente.
A qualidade dos serviços, porém, ainda não vem acompanhando a expansão do setor na mesma velocidade. As reclamações quanto aos serviços levaram a Comissão de Defesa do Consumidor da Câmara dos Deputados a promover uma série de audiências públicas, com a participação da Anatel. Ontem, Brasil Telecom GSM e Oi estiveram na berlinda. Devido às queixas, a agência levou à instauração de 33 processos administrativos contra a Oi e 12 contra a BrT GSM. Vivo, Claro e TIM já foram avaliadas.
Desde março, segundo a Anatel, foi intensificado o trabalho de fiscalização para tentar melhorar a qualidade do serviço do setor. A Oi está no mercado desde junho de 2002 e a BrT GSM, desde setembro do ano passado.
Na audiência, o gerente da Anatel Bruno de Carvalho Ramos informou que os problemas mais comuns das operadoras são falhas na cobrança, falta de informações sobre planos de serviço, venda casada, atraso na recuperação de falhas, dificuldades em cancelamento do contrato e demora no atendimento ao usuário. Na BrT GSM, também foi constatada dificuldade na escolha da prestadora de longa distância.
O presidente da BrT, Ricardo Sacramento, atribuiu as falhas ao fato de tratar-se de uma operadora nova, com serviços inovadores, suscitando mais dúvidas nos usuários. O vice-presidente da Oi, Ivan Ribeiro de Oliveira, alegou que o número de reclamações contra a empresa caiu de 1,180 por mil clientes no início de 2003 para 0,227 por mil clientes em julho deste ano, demonstrando, segundo ele, a melhoria do serviço.