O Estado de São Paulo, n. 46754, 20/10/2021. Política p.A11

 

'Não é o momento para lavar roupa suja', afirma Aziz

Presidente da CPI adia reunião e diz que, em vez de criticar o texto, momento é de analisar e ver o que precisa ser adicionado

Lauriberto Pompeu


As divergências em relação ao relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, divulgado pelo Estadão no domingo, colocou os senadores Omar Aziz (PSDAM) e Renan Calheiros (MDBAL), respectivamente presidente e relator do colegiado, em situações opostas. Por causa das desavenças, a reunião semanal que o colegiado faz às segundas-feiras para discutir as atividades não aconteceu. Renan também tinha convidado os colegas para debater o parecer em seu gabinete no Senado, mas o compromisso também foi cancelado.

"Vamos esperar um pouco. Ter uma reunião não seria bom. Está todo mundo de cabeça quente, não seria bom. Não é o momento de lavar roupa suja, é o momento de esperar o relatório, ler, equilibrar e a gente ver o que tem que colocar a mais no relatório", afirmou o presidente da CPI .

O atrito começou após o Estadão revelar o conteúdo do relatório final de Renan. Após a publicação da reportagem, o presidente da comissão decidiu adiar em uma semana a votação do documento.

Um dos pontos que levaram ao adiamento, de acordo com fontes ouvidas pela reportagem, é a decisão de Renan de indiciar o presidente Jair Bolsonaro por homicídio qualificado. Também há divergências entre integrantes do grupo majoritário sobre a acusação de "genocídio indígena" na pandemia, crime que pode levar o governo a ser julgado em tribunais internacionais.

O relatório final acusa, além do presidente, o secretário especial de Saúde Indígena, Robson Santos. Aziz disse que indígenas foram vacinados e não vê motivo para indiciar o secretário, que não foi ouvido pela comissão. Mesmo discordando de alguns pontos, para Aziz, o texto que já foi divulgado não deve ser alterado. Se tiver alguma coisa que estiver faltando, vou questionar porque não está lá".