O Estado de S. Paulo, n. 46720, 16/09/2021. Metrópole, p. A18
Cidade de SP passa a usar só Pfizer no reforço para idosos
Davi Medeiros
A capital paulista passa a aplicar exclusivamente a vacina contra a covid-19 da Pfizer como dose de reforço em idosos a partir desta quarta-feira. O imunizante é o recomendado pelo Ministério da Saúde para a injeção extra, mas não vinha sendo aplicado pela Prefeitura. O uso de produtos de diferentes farmacêuticas é seguro e defendido por especialistas para aumentar a proteção dos mais vulneráveis, em que a proteção garantida pela vacina diminui com o tempo.
Em São Paulo, as doses de reforço aplicadas até agora são da Coronavac, o que segue a orientação do governo paulista. O ministério, porém, excluiu a vacina do Instituto Butantan da lista de opções para a terceira dose em idosos e imunossuprimidos, diante de evidências científicas de que a Coronavac não era a melhor opção para o reforço vacinal. A imunização de reforço começou no dia 6 de setembro na cidade de São Paulo.
Conforme o cronograma de vacinação, idosos acima de 85 anos que tenham sido vacinados com a segunda dose ou dose única há mais de seis meses estão elegíveis para receber o reforço na capital. Na semana passada, foi imunizado o público com mais de 90 anos. A proteção adicional contra o coronavírus foi acelerada em um cenário de preocupação com a variante Delta, mais transmissível, que já é predominante na cidade.
Nesta quarta, a previsão era de chegada de 344 mil doses da vacina da Pfizer à cidade de São Paulo. O lote terá de ser suficiente para abastecer as Unidades Básicas de Saúde (UBSS) que passam a destinar o imunizante a quatro grupos distintos: idosos elegíveis para dose de reforço; primeira dose para adolescentes; segunda dose para pessoas que tomaram Pfizer; segunda dose para pessoas que tomaram Astrazeneca.
A aplicação da terceira dose tem sido adotada por outros países, como Estados Unidos, Reino Unido, Israel e Chile. No caso do país sul-americano, primeiro a adotar a estratégia de proteção extra para grupos mais vulneráveis no continente, quem tomou duas doses de Coronavac tomou um reforço de Pfizer ou de Astrazeneca.
O Estado de São Paulo ainda enfrenta desabastecimento da segunda dose vacina Astrazeneca. Para evitar atrasos na imunização, os postos de saúde têm utilizado a Pfizer como a segunda aplicação – o que também é defendido pelos especialistas. A Prefeitura não cita risco de faltar vacina da Pfizer no Município, apesar da alta demanda pelo imunizante.
A gestão João Doria (PSDB) espera normalizar o estoque de vacinas da Astrazeneca até o fim da semana, disse o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn. O governo recebeu nesta quarta 465 mil doses do imunizante e pretende completar até sexta-feira o total de 1 milhão de doses em atraso.
“Diferentemente da vacina do Butantan, não temos nenhuma autonomia sobre a compra de Astrazeneca e Pfizer, portanto dependemos integralmente do Ministério da Saúde”, afirmou o secretário. Gorinchteyn ressaltou que o Estado também recebeu 500 mil doses da Pfizer, e essas vacinas são suficientes para dar continuidade ao programa de vacinação, incluindo a dose de reforço em idosos.
Mas no Estado, conforme afirmou o secretário, não haverá priorização de vacina específica para reforço. “Qualquer um dos imunizantes disponíveis é capaz de provocar esse efeito booster (reforço na proteção), seja Coronavac, Pfizer ou Astrazeneca”, defende Gorinchteyn. “Portanto, qualquer um é merecedor de ser aceito, já que cumpre seu papel, principalmente em grupos vulneráveis.”
Mudança de cronograma. Para atender a orientação do Ministério da Saúde e reduzir o intervalo entre as doses da vacina, o Estado de São Paulo precisa ter mais imunizantes em estoque, disse o secretário Jean Gorinchteyn nesta quarta-feira. Ele afirmou ainda que no momento não há vacinas suficientes para diminuir o tempo entre as aplicações de 12 para oito semanas e aguarda novas remessas. Já em Brasília o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta quarta-feira que o País tem “excesso de vacinas”.
Astrazeneca
465 mil
doses de Astrazeneca foram recebidas ontem pelo governo paulista, que pretende completar até sexta-feira o total de 1 milhão de doses em atraso. O Estado de São Paulo enfrenta desde a semana passada desabastecimento para a segunda dose.