Título: Intelectuais divulgam manifesto
Autor: Josie Jeronimo
Fonte: Jornal do Brasil, 17/09/2005, País, p. A4
Depois da cassação do deputado Roberto Jefferson, os intelectuais romperam o silêncio e se manifestaram publicamente. Ontem, um grupo de professores de universidades públicas e particulares de vários estados divulgou manifesto exigindo que as investigações das CPIs não sejam paralisadas em nome da estabilidade econômica e política. - Exigimos que as investigações prossigam até o fim, inclusive as que apontem em direção à Presidência da República e possam redundar na instauração de um processo de impeachment - diz um trecho do manifesto que já conta com mais de 150 assinaturas.
Um dos articuladores do manifesto, o professor Armando Boito (Unicamp) criticou o comportamento da oposição e dos movimentos sociais e disse que o manifesto é uma ''terceira visão''.
- O PSDB e o PFL não estão interessados em investigar. A UNE e a CUT dizem que a corrupção deve ser apurada, mas poupam o governo do presidente Lula. Para defender o governo, é preciso abrir mão da apuração.
A professora da USP, Leda Paulani, acha que os intelectuais demoraram a se manifestar contra o governo por se tratar de um partido de esquerda, historicamente apoiado pela academia.
- As denúncias fazem parte de uma só história. Não há como se preservar o governo só porque é de esquerda.
Os intelectuais da Academia Brasileiras de Letras (ABL) também se pronunciaram . O manifesto não faz críticas diretas ao governo. Segundo o imortal Hélio Jaguaribe, a ABL não pode ser pronunciar sobre assuntos políticos, mas o texto fala sobre a ''responsabilidade moral de seu pronunciamento público''. O documento faz referências à necessidade da reforma política.
- Nossa preocupação é que as reações se limitem à punição dos autores de atos ilícitos, mas isso não é suficiente. A extensão do escândalos mostra que nossa legislação é deficiente. É evidente que Roberto Jefferson é um homem que tem muita culpa, mas no processo de cassação, ele foi votado por parlamentares que denunciou no escândalo - disse.