O Estado de São Paulo, n. 46755, 21/10/2021. Política p.A12
Apontado no relatório final da CPI da Covid como "principal responsável" por erros cometidos pelo governo durante a pandemia, o presidente Jair Bolsonaro criticou ontem o trabalho da comissão nos últimos seis meses. Durante pronunciamento em Russas (CE), ele disse "não ter culpa de nada" e afirmou que os senadores do colegiado "nada produziram" além de "ódio".
"Como seria bom se aquela CPI estivesse fazendo algo de produtivo para o nosso Brasil. Tomaram tempo do nosso ministro da Saúde, de servidores, de pessoas humildes e de empresários. Nada produziram a não ser o ódio e o rancor entre alguns de nós", declarou Bolsonaro. "Mas nós sabemos que não temos culpa de absolutamente nada", completou.
O comentário foi feito antes do início da leitura do texto proposto pelo relator Renan Calheiros (MDB-AL), que sugere 68 indiciamentos, incluindo Bolsonaro, seus três seus filhos políticos (Flávio, Eduardo e Carlos) e duas empresas – a Precisa, que tentou importar a vacina Covaxin, e a VTCLOG, responsável pela logística do Ministério da Saúde.
'GARGALHADA'. Pela manhã, ao chegar ao Senado, onde seria lido o parecer de Renan, o senador Flávio Bolsonaro (Patriotas-rj) afirmou que seu pai daria uma "gargalhada" dos crimes atribuídos a ele no texto. O parlamentar, outro alvo de pedido de indiciamento por incitação ao crime, classificou o documento como "inconstitucional". "Ele (Bolsonaro) receberia da seguinte forma, você sabe aquela gargalhada dele?", disse, imitando a risada do pai. "É uma piada de muito mau gosto."
Também indiciado, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) negou relação com as medidas adotadas pelo governo federal. Para ele, a inclusão de seu nome no texto "é tentativa de atacar a imagem da família do presidente". ROBERTA VASSALLO, DAVI MEDEIROS e CÁSSIA MIRANDA