Título: Quebra de sigilo comprova ligação
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 17/09/2005, País, p. A6
A quebra do sigilo telefônico dos investigados pela CPI dos Correios mostrou que a empresa do publicitário Duda Mendonça, que trabalhou na campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, recebeu oito ligações telefônicas da empresa SMPB e cinco da DNA Propaganda. As duas são de Marcos Valério Fernandes de Souza. Na quinta-feira, a CPI aprovou um requerimento que determina o rastreamento e o bloqueio das contas bancárias no exterior em nome de Duda Mendonça ou de sua sócia Zilmar Fernandes. Durante seu depoimento à CPI dos Correios, Duda contou que abriu uma conta no exterior para receber cerca de R$ 10 milhões. Segundo ele, Marcos Valério pediu que a conta fosse aberta. O empresário negou a acusação e só confirmou ter pago a Duda por serviços prestados ao PT.
Graças a análise dos dados bancários dos últimos cinco anos, a CPI descobriu que Marcos Valério movimentou mais dinheiro em 2003. Segundo o relatório, foram movimentados R$ 17,9 milhões das contas do empresário. No mesmo período, a movimentação financeira de Renilda Santiago, mulher de Valério, foi de R$ 11 milhões. A comissão informou também que no mesmo ano, as empresas faturaram quase R$ 5 bilhões. De acordo com o relatório da CPI, nos últimos três anos, as empresas apresentaram maior índice de movimentação bancária. A SMPB passou de um faturamento de R$ 84,6 milhões em 2000 para R$ 586,1 milhões em 2003, quando teve seu maior movimento. Em 2004, a empresa movimentou R$ 578,6 milhões e, em 2005, R$ 246,6 milhões.
A DNA Propaganda, em 2004, movimentou R$ 767, 4 milhões. Em 2000, o valor era R$ 223,3 milhões.
- Marcos Valério teve um aumento substancial na movimentação bancária a partir de 2003. Teve também um aumento no valor de contratos com órgãos públicos, com novas empresas públicas e com empresas particulares que têm interesses junto ao governo federal - contou o sub-relator de movimentação financeira da CPI, o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR).
Segundo o parlamentar, Mascos Valério não fez empréstimos para o Partido dos Trabalhadores sim doações.
- Juridicamente, é o Valério quem vai pagar essa conta junto ao BMG e ao Banco Rural.
Fruet afirmou ainda que a CPI trabalha com duas hipóteses sobre a origem do dinheiro. Os empréstimos foram utilizados para dar entrada em dinheiro que estaria em contas no exterior ou feitos para não serem pagos.