O Estado de S. Paulo, n. 46722, 18/09/2021. Metrópole, p. A20

Morte de adolescente não foi causada por vacina da Pfizer, conclui estudo
João Ker


A morte de uma adolescente de 16 anos em São Bernardo do Campo, região metropolitana de São Paulo, não foi causada pela vacina da Pfizer, aponta estudo feito por 70 especialistas e divulgado ontem pela Secretaria de Estado da Saúde. O diagnóstico apontou que a causa do óbito, sete dias após a jovem ser imunizada, foi uma doença autoimune, grave e rara, conhecida como Púrpura Trombótica Trombocitopênica (PPT).

Segundo comunicado divulgado pelo governo paulista, a doença não tem “uma causa conhecida capaz de desencadeá-la” e “não há como atribuir relação causal” entre ela e as vacinas de RNA mensageiro, como é o caso da Pfizer. A adolescente morreu no dia 7, exatamente uma semana após receber o imunizante produzido pela Pfizer.

“As vacinas em uso no País são seguras, mas eventos adversos  pós-vacinação podem acontecer. Na maioria das vezes, são coincidentes, sem relação causal com a vacinação. Quando acontecem, precisam ser cuidadosamente avaliados”, explica Eder Gatti, que coordenou a investigação e atua no Centro de Vigilância Epidemiológica e no Instituto Emílio Ribas de São Paulo.

Dentre os 70 profissionais que participaram do diagnóstico estavam especialistas em Hematologia, Cardiologia, Infectologia, médicos dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIES) do Estado e representantes dos municípios de São Bernardo, Santo André e São Paulo. O Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) estadual também contribuiu para uma análise mais detalhada.

Justificativa. O caso da adolescente foi usado como uma das justificativas do Ministério da Saúde para recomendar a suspensão da imunização em adolescentes sem comorbidades na quinta-feira. Ontem, em nota, a pasta disse que “aguarda a conclusão oficial da investigação do caso. Até o momento, a orientação para vacinação apenas em adolescentes com comorbidades se mantém”.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) manteve recomendação de vacinação neste grupo, com base em evidências científicas. Segundo o governo do Estado, a divulgação do caso foi feita de “forma intempestiva” pelo ministério. Os resultados da análise serão submetidos à Anvisa.