Título: Captação inédita impulsiona bolsa
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Fonte: Jornal do Brasil, 17/09/2005, Economia & Negócios, p. A19

A captação anunciada na quinta-feira pelo Tesouro Nacional rendeu mais um dia de otimismo no mercado financeiro nacional. A reboque da primeira emissão da história de títulos em reais no exterior, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) atingiu novo patamar recorde ontem.

O Tesouro deva anunciar na semana que vem o resultado da captação, que tem como líderes os bancos JP Morgan e Goldman Sachs. A oferta feita pelo Tesouro foi de US$ 500 milhões, mas a demanda surpreendeu. As estimativas do mercado dão conta de que o governo brasileiro teria colocado o total de US$ 750 milhões em papéis de dez anos, com taxa anual de 13,8%.

O Tesouro tenta, com esta captação, aproveitar o bom momento da economia do país na visão dos investidores internacionais. O governo previa para este ano a captação de US$ 6 bilhões, patamar já atingido. Esta operação em reais é a segunda realizada desde que a necessidade de captação foi atingida. Na primeira, em dólares, o Tesouro emitiu US$ 1 bilhão em bônus globais com vencimento em 2025.

Como o objetivo do governo é emitir US$ 9 bi nos próximos dois anos, as duas operações realizadas depois que o patamar de 2005 foi alcançado permitem que o Tesouro reduza a necessidade de captar a US$ 7,25 bi em 2007.

Para a emissão dos títulos em reais, o Tesouro decidiu que o Itaú atuará como ''co-manager'', ao lado do JP Morgan e do Goldman Sachs.

Quanto mais o governo emite títulos, mais cresce sua dívida externa. No entanto, ao trazer dólares do exterior para pagar sua dívida, o governo também protege as reservas internacionais do Banco Central, que servem como garantia aos investidores de que o país pagará sua dívida em momentos de turbulência econômica internacional.

Como conseqüência desta proteção, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) comemorou ontem um novo recorde. O Ibovespa - principal índice do pregão paulista, que atualmente reúne 57 ações - fechou a sexta-feira com 29.815 pontos, superando o recorde anterior, de 7 de março deste ano, quando o índice atingiu 29.455 pontos.

Ontem, a bolsa subiu 1,53%, movimentando R$ 1,891 bilhão. Setembro tem sido um mês de recuperação para a bolsa. O Ibovespa acumula valorização de 6,31% neste mês. No ano, a Bovespa também aparece com um bom retorno para quem investiu em ações, com alta de 13,82%, taxa próxima à paga pelo Certificado de Depósito Bancário (CDB), uma das vedetes do mercado. O CDB prefixado acumula rentabilidade máxima de 14,17% em 2005.

O desempenho do mercado americano também favoreceu a Bovespa. O Dow Jones, da Bolsa de Nova York, subiu 0,79%. O Nasdaq, que agrupa os papéis de empresas de alta tecnologia, registrou valorização de 0,66%.

Mas não foi só a bolsa que se beneficiou com a captação em reais. O risco Brasil voltou a cair ontem, 1,08%, para 368 pontos, menor patamar desde 1997. Já o dólar subiu 0,13%, motivado pela expectativa não confirmada de atuação do BC no mercado de câmbio, mas fechou abaixo dos R$ 2,30, cotado a R$ 2,299.

Com agências