Título: Polícia Federal ouvirá fitas
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Fonte: Jornal do Brasil, 17/09/2005, Brasília, p. D3

A Polícia Federal analisará o conteúdo dos oito CDs recebidos pelo deputado Paulo Tadeu (PT), relator da CPI da Educação, com a íntegra das conversas gravadas pelo ex-presidente da Comissão Permanente de Licitação da Secretaria de Educação, Antônio Ferreira César, e pelo ex-subsecretário Manoel Carneiro, com as ex-secretárias Eurides Brito e Maristela Neves e outros servidores da pasta. Na terça-feira, durante novo depoimento de César na CPI, o deputado Augusto Carvalho (PPS), presidente da comissão, havia dado 42 horas ao denunciante para que entregasse todas as fitas. A análise, no entanto, levará meses. Maristela e Eurides são acusadas de comandar um esquema de corrupção em licitações.

Ontem, os distritais ouviriam mais dois depoimentos: o da ex-secretária de Educação Fátima Guerra e de Geraldo Moura, sócio-gerente da Moura Transportes, vencedora de licitações entre os anos de 2003 e 2004. No entanto, Fátima informou à CPI que estava viajando e por isso se ausentaria. Moura conseguiu habeas corpus e se recusou a responder às perguntas.

Parte das gravações que comprometem as duas ex-secretárias foram deflagradas em junho, durante à CPI, mas sua autenticidade vem sendo colocada à prova. Um laudo da Polícia Federal, elaborado a pedido do presidente da CPI, afirmou que não houve manipulação. No entanto, a análise se restringiu a um trecho de 27 minutos, em gravações que soma 105 minutos. De acordo com o delegado Reniton Pimentel, da PF, o trecho foi escolhido por ser o de principal interesse da comissão.

No entanto, a Polícia Civil analisou a totalidade das gravações. Segundo relatório, houve cortes em partes do áudio, que impedem saber se a seqüência é respeitada, supressão de alguns diálogos e distorção de falas. Reniton afirma que os problemas detectados estavam fora das partes analisadas pela PF.

Os deputados aprovaram ainda um requerimento pedindo a quebra dos sigilos bancários, telefônicos e fiscais de Antônio César e de dois assessores de Eurides Brito: Sandro Vieira e coronel Dirnei Arno.