Título: Brasiliense que pregou racismo é procurado
Autor: Lorenna Rodrigues
Fonte: Jornal do Brasil, 17/09/2005, Brasília, p. D8

O estudante brasiliense Marcelo Valle Silveira Mello, acusado de cometer racismo na internet, está sendo investigado também pelo Ministério Público de São Paulo. Marcelo é acusado de retirar do ar por duas semanas o site da Agência Afro-étnica de Notícias, Afropress. A investigação começou depois de mantenedores do site denunciarem Marcelo ao órgão paulista. Depois de iniciada as investigações, o Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) pediu ajuda ao MP do Distrito Federal, já que Marcelo mora aqui.

Na terça-feira, o MP distrital encaminhou à 6ª Vara do Tribunal de Justiça do DF denúncia contra o estudante. Segundo o promotor Marcos Julião, do Centro de Apoio Operacional ao Crime Organizado, Marcelo foi ouvido e confessou a autoria dos comentários preconceituosos no site de relacionamentos Orkut, mas disse que não teve a intenção de ofender a raça negra.

- Foi fácil identificar o autor dos comentários, já que ele usou inicialmente uma página contendo seus dados pessoais verdadeiros. Os comentários extraídos da internet são prova documental do crime - afirmou.

Em um fórum de discussão do site, Marcelo postou comentários do tipo ''Preto tem que morrer mesmo (...) estudar a vida inteira para ficar de fora da facu por causa de um pretinho (...) essas horas dá vontade de pegar uma arma e sair matando todo preto desse país miserável''.

Marcelo foi denunciado pelo crime de racismo agravado pela propagação na internet, e pode ser condenado a pena que vai de 2 a 5 anos.

- O fato de o acusado ser denunciado é um aviso para quem usa internet para progagar racismo ou cometer qualquer tipo de crime. O Ministério Público e a polícia estão atentos - afirmou o promotor.

Ameaças - Mesmo sob investigação e depois de ter tido dois computadores pessoais apreendidos no começo do mês de agosto, há indícios de que Marcelo continue utilizando o Orkut para espalhar mensagens racistas e para ameaçar internautas. Segundo o estudante de Engenharia de Redes André Felipe Seixas, Marcelo, usando o codinome Br0k3d o justiceiro, deixou mensagens dizendo ameaçando-o de morte

- Ele ameaçou me agredir e disse inúmeros palavrões. Espero que ele seja punido - disse o estudante.

Na página pessoal de Br0k3d o justiceiro havia, até a noite de ontem, 22.855 mensagens, a maioria de internautas respondendo às mensagens ofensivas.