Título: Cheques no passado de suplente
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 18/09/2005, País, p. A8

A prometida operação limpeza , que consistiria na cassação de 18 parlamentares citados nas instâncias que investigam o mensalão- pode gerar um efeito contrário. No que depender de alguns suplentes de parlamentares envolvidos em irregularidades, a renovação ética da Casa fica comprometida. Um exemplo é o suplente de Severino Cavalcanti (PP-PE). Com a possível cassação do presidente da Câmara, que teve sua situação agravada pelo aparecimento de um cheque, Antônio Carlos Vieira dos Santos (PSDB-PE), o Carlos Batata assumiria.

Além da terra natal, titular e suplente têm em comum o aparecimento de cheques suspeitos em suas vidas. Uma consulta ao serviço de proteção ao crédito mostra que o suplente de Severino Cavalcanti distribuiu 14 cheques sem fundo na praça e tem outros seis a serem resgatados por motivos diversos. No Supremo Tribunal Federal (STF) consta um recurso em nome de Antônio Carlos Vieira dos Santos, na condição de ''depositário infiel''.

Segundo a assessoria da Procuradoria, Carlos Batata chegou a ter a prisão decretada, mas recorreu ao Tribunal Regional Federal. A Caixa Econômica apresentou recurso contra o deputado, solicitando a prisão civil, que o STF irá julgar.

Outro suplente que teve problemas com a Justiça é Helmute Lawisch (PFL-MT) que assumirá a vaga de Pedro Henry (PP-MT), se ele for cassado.

Helmute foi condenado pela Justiça Federal de Mato Grosso, em abril, a 4 anos e meio de prisão, em regime semi-aberto. Em sua sentença, o juiz federal Sebastião Julier considerou ''assustador'' o montante ''desviado'' da Companhia Nacional de Abastecimento: 6,6 milhões de quilos de grãos.

- Os delitos consumaram-se apenas para que o acusado pudesse enriquecer-se à custa do erário federal - diz um trecho da sentença do juiz.