O Estado de S. Paulo, n. 46727, 23/09/2021. Política, p. A8

Reprovação ao governo vai a 53%, diz Ipec

Daniel Bramatti


A maioria absoluta dos eleitores considera o governo Jair Bolsonaro ruim ou péssimo, segundo pesquisa Ipec divulgada ontem. É a primeira vez que isso acontece na sequência de três levantamentos que o instituto fez desde o início do ano. Além da avaliação negativa, a pesquisa aponta outra notícia ruim para o presidente: se ele disputasse hoje o Palácio do Planalto, teria menos da metade dos votos de seu principal adversário, Luiz Inácio Lula da Silva, que venceria no primeiro turno.

Nada menos que 42% dos brasileiros em idade de votar acham que o governo é péssimo. Para outros 11%, é ruim. A soma das avaliações negativas chega a 53%, quatro pontos porcentuais acima do registrado em junho, quando foi feita a pesquisa anterior do Ipec. Desde fevereiro, esse aumento foi de 14 pontos porcentuais.

Os eleitores que consideram a gestão federal boa ou ótima são 22% – menor patamar registrado no ano. Em sete meses, a soma das avaliações positivas caiu seis pontos porcentuais. O contingente que considera a gestão regular é de 23%.

Além de avaliar o governo como um todo, o Ipec também perguntou aos entrevistados como veem o desempenho pessoal do presidente no comando do País. Nesse caso, as opiniões negativas são ainda mais dominantes: 68% afirmaram que desaprovam Bolsonaro, e 28%, que aprovam.

O presidente também é visto com desconfiança por sete em cada dez brasileiros. Nada menos que 69% disseram não confiar no presidente. Outros 28% afirmaram confiar nele.

Eleição. Na corrida eleitoral pela Presidência, Lula voltou a aparecer como favorito, assim como na pesquisa Ipec divulgada em junho. O instituto avaliou dois possíveis cenários, com diferentes listas de possíveis candidatos.

No cenário com dez nomes, a taxa de intenção de votos em Lula é de 45%, 23 pontos porcentuais acima da de Bolsonaro, o preferido de 22%. Em um distante terceiro lugar, aparecem empatados tecnicamente Ciro Gomes (PDT), com 6%, e o ex-juiz Sergio Moro (sem partido), com 5%.

O apresentador de TV José Luiz Datena, que recentemente se filiou ao PSL, foi incluído pela primeira vez na lista de possíveis concorrentes ao Palácio do Planalto e teve 3% das intenções de voto. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), obteve apenas 2%. Citado como um possível nome da chamada terceira via, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM), ficou com 1%.

Parlamentares que ganharam visibilidade na CPI da Covid, como os senadores Simone Tebet (MDB-MS) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE), ainda não são vistos como candidatos viáveis à Presidência. Nenhum dos dois pontuou na pesquisa.

No cenário com dez concorrentes na corrida presidencial, Lula teve cinco pontos porcentuais a mais do que a soma das taxas dos adversários (45% a 40%). Isso significa que, se a eleição presidencial fosse hoje, a disputa seria decidida em turno único, com a vitória do ex-presidente.

No cenário com apenas cinco nomes na corrida, Lula aparece com 48%, e Bolsonaro, com 23%. Também nesse caso haveria vitória no primeiro turno.

Pesquisa

2.002

pessoas foram entrevistadas em 141 municípios entre 16 e 20 de setembro. A margem de erro máxima estimada é de 2 pontos porcentuais para mais ou menos.