Título: Segundo semestre traz crescimento
Autor: Rodrigo Vasconcelos
Fonte: Jornal do Brasil, 18/09/2005, Brasília, p. D4

Os empresários do comércio e da indústria no Distrito Federal estão otimistas em relação ao desempenho da economia local no segundo semestre de 2005. A expectativa é que, com o enfraquecimento da crise política no País, os brasilienses estejam dispostos a poupar menos e consumir mais. Os empresários acreditam ainda que a redução gradativa da taxa básica de juros da economia sinalizada na quarta-feira pelo Banco Central abrirá espaço para a retomada de investimentos e estimulará o crescimento das vendas a prazo que, tradicionalmente, tendem a aumentar nos últimos meses do ano.

- A perspectiva para o segundo semestre é positiva. A um período de retração, costuma seguir outro de euforia de consumo. Esperamos que, com o fim da crise no Congresso, o consumidor supere a fase de pessimismo e volte a gastar mais - disse o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do Distrito Federal, Ennius Muniz.

Outro fator que pode contribuir para o aumento do consumo no segundo semestre de 2005 é a recuperação do poder de compra dos trabalhadores. A renda média dos assalariados no DF registrou alta em todos os meses de 2005 até maio (data do último dado do Dieese sobre rendimentos) em relação ao mesmo período de 2004. Também de acordo com o Dieese, a taxa de desemprego caiu em junho pelo terceiro mês consecutivo e registrou queda de 3,8% no período de março a junho de 2005.

- O comércio deverá oferecer mais cinco mil postos temporários de trabalho até dezembro, sem contar as vagas abertas por filiais do Wal-Mart e do Leroy Merlin (redes americana e francesa de supermercados, respectivamente). Além disso, houve aumento das compras para reforço de estoque e isso significa que os varejistas têm boas expectativas em relação ao desempenho da economia local no segundo semestre - disse Antônio de Morais, presidente do Sindicato do Comércio Varejista do DF.

Segundo a Pesquisa Mensal de Comércio do IBGE, divulgada na quinta-feira, o comércio varejista no DF registrou, em julho, alta de 0,5% em relação a maio, e acréscimo de 10,7% no acumulado do ano (primeiro semestre de 2005 em comparação ao mesmo período do ano passado).

Os setores que apresentaram maior crescimento de janeiro a julho de 2005 foram o de móveis e eletrodomésticos (30,45%), de tecidos, vestuário e calçados (17,75%) e de supermercados e alimentos (11,79%). A maior queda foi no setor de combustíveis e lubrificantes (- 4,8%).

Indústria - Os industriais também acreditam que a economia local tende a apresentar bons resultados para o segundo semestre de 2005. Mas a continuidade do crescimento industrial depende da retomada dos trabalhos no Congresso Nacional e de novas reduções da taxa básica de juros.

- Os bons indicadores da economia nacional, a queda gradativa da taxa de juros e, principalmente, o investimento de US$ 57 milhões pelo GDF em infra-estrutura nas Áreas de Desenvolvimento Econômico devem elevar a previsão de crescimento do setor para 14% em 2005 - disse Antônio Rocha, presidente da Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra).

Para Rocha, a superação da crise política é fundamental para a retomada do crescimento industrial no DF: a produção local é vendida para grandes empresas públicas, que diminuíram o volume de compras em função dos efeitos da crise política.

- O atraso na votação do projeto da Cidade Digital adia também o investimento inicial de R$ 700 milhões do Banco do Brasil, que deverá impulsionar o crescimento industrial. Sem mencionar outros projetos de lei importantes, como o da regulamentação das parcerias público-privadas - disse.

De acordo com a última pesquisa da Fibra, o faturamento industrial em julho registrou alta de 1,79%, pouco se comparada a de 6,23% no mês de maio. Mas em relação ao julho de 2004, o setor apresentou acréscimo de 10,84% e de 13,8% no acumulado do ano (janeiro a julho).