O Globo, n. 32687, 03/02/2023. Política, p. 9

Bol­so­na­ris­tas ficam sem espaço na Mesa do Senado

Lauriberto Pompeu


Após a reeleição do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), foram definidos ontem os demais cargos da Mesa Diretora. Acordo firmado pelos partidos que apoiaram o senador do PSD definiu que seus auxiliares serão de MDB, PT, União Brasil, PDT, PSB e Podemos. Por outro lado, PL, PP e Republicanos, partidos do Centrão que apoiaram Rogério Marinho (PL-RN), candidato derrotado ao comando da Casa, não tiveram representantes na Mesa. Marinho teve o apoio do expresidente Jair Bolsonaro e seus aliados.

O senador Veneziano Vital do Rego (MDB-PB) foi reeleito primeiro vice-presidente da Casa. Ele já ocupava o cargo no primeiro mandato de Pacheco, iniciado em 2021. A segunda vice-presidência ficou com o senador Rodrigo Cunha (União-AL). O PL chegou a apresentar o nome de Wilder Morais (PL-GO) para concorrer contra Cunha, mas o parlamentar retirou a candidatura no meio da sessão. Os partidos que apoiaram Marinho querem agora espaço nas comissões permanentes da Casa.

— Seguindo a orientação do nosso líder do PL (Flávio Bolsonaro) para que a gente possa dar sequência não só da Mesa, mas também das comissões, para que a gente possa seguir a proporcionalidade, eu retiro a candidatura —disse o senador do PL.

Centrão quer comissões

Anteontem, antes mesmo de Marinho ser derrotado por Pacheco, o ex-ministro bolsonarista e senador Ciro Nogueira (PP-PI) havia dito que pedirá espaço nas comissões da Casa mesmo com a vitória de Pacheco. Nogueira avaliou que Pacheco é um político aberto ao diálogo e não vai administrar o Senado apenas com os partidos que apoiaram ele.

Rogério Carvalho (PT-SE) foi definido na primeira secretaria, espécie de prefeitura do Senado, que cuida de assuntos administrativos. Já Weverton Rocha (PDT-MA) foi escolhido para a segunda secretaria. Chico Rodrigues (PSB-RR), notabilizado por esconder dinheiro nas nádegas durante operação da Polícia Federal, ficou com a terceira secretaria, e Styvenson Valentim (Podemos-RN), a quarta. Os suplentes ainda serão escolhidos.

A falta de mulheres nos cargos titulares da Mesa Diretora provocou reclamações das senadoras. Leila Barros (PDTDF) usou seu discurso na sessão para questionar as indicações dos líderes partidários:

— Estamos no século XXI, não é mais possível toda vez que se tenha um processo nessa Casa, uma senadora tenha que se levantar e dizer: “Presente, nós existimos”.

Em resposta, Pacheco pediu que suplências tenham a participação de mulheres e disse que senadoras vão comandar comissões temáticas:

— Quero assumir o compromisso de que a Comissão Permanente de Defesa da Democracia, que pretendo criar, será presidida por uma mulher defensora da democracia.

A escolha das comissões ficou mais para frente. Há um acordo para Davi Alcolumbre (União-AP) se manter na Comissão de Constituição e Justiça. Relações Exteriores e Assuntos Econômicos são disputadas por PT, PSD e MDB. O favorito para Relações Exteriores é o senador Renan Calheiros (MDB-AL), e o mais forte para comandar a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) é o senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO).