Título: Receita contra a inflação
Autor: Mariana Carneiro
Fonte: Jornal do Brasil, 18/09/2005, Economia & Negócios, p. A18

A nota emitida pelo Comitê de Política Monetária (Copom), ao informar a decisão de corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic) guardava uma certa dose de comemoração pelo recuo da inflação. Todos os indicadores passaram a exibir deflação e as expectativas do analistas finalmente convergiram pela meta. Graças à taxa de juros, mas não da maneira clássica. - O câmbio, é claro, contribuiu para a deflação, mas também para o preço das commodities, como soja e minério de ferro, que estão sob menos pressão do que no ano passado - diz o presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon) e ex-coordenador do IPC da Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (Fipe), Heron do Carmo.

Enquanto a taxa de juros afeta a demanda no espaço mais longo de tempo, o dólar baixo afeta hoje a inflação, graças à queda imediata de produtos que têm em sua cadeia insumos indexados à moeda americana.

- Por causa de um efeito defasado do câmbio sobre os preços, a inflação do ano que vem também ficará baixa, apesar das eleições e de uma queda esperada nos juros - avalia Heron. (M.C.)