Título: Guerra aos juros altos
Autor: Romoaldo de Souza
Fonte: Jornal do Brasil, 05/11/2004, País, p. A3

O novo ministro da Defesa, além de vice-presidente da República, é próspero empresário que desde os primeiros dias no governo partiu para o ataque contra a política de juros altos do Banco Central. Empresário de sucesso, Alencar contou certa vez ao Jornal do Brasil que, desde os tempos de jovem interiorano, em Caratinga(MG), vem sendo perseguido pelo fantasma dos juros altos.

Os negócios, que o tornaram um dos mais bem-sucedidos empresários do setor têxtil, começaram quando o irmão mais velho, Geraldo Gomes da Silva, lhe emprestou 15 mil cruzeiros.

- Ele me cobrava 1,5% de juros mensais. Geraldo tentava me garantir que aquilo não eram juros, brincava comigo quando dizia que era só um aluguel do dinheiro - contou.

Do ataque à Defesa, Alencar terá como prioridade resolver uma pendência que inquieta a Aeronáutica: a escolha de novo avião de caça para a Força Aérea Brasileira (FAB). O projeto, que tem custo estimado em US$ 700 milhões, está adormecido e agora deve ganhar asas com o dinamismo que Alencar pretende empreender à pasta.

É dele a idéia de o presidente da Rússia, Vladimir Putin, visitar o Brasil. Quando esteve no Kremlin, recentemente, José Alencar elogiou a proposta russa para vender os Sukhoi Su-35, ao Brasil.

- Tecnicamente, a Rússia tem condições de fornecer estes aviões ao Brasil - destacou à época.

Outra pendência que Viegas não conseguiu resolver - o perfil empreendedor de Alencar pode contribuir para uma solução - é o reajuste dos vencimentos da tropa, nas Três Armas. Os quartéis calculam em 31,9% o percentual de perdas salariais, com base em índices de inflação entre janeiro de 2001 a dezembro de 2003, segundo o Exército. Até aqui, os militares receberam 10% de reajuste e, para 2005, a Defesa promete um complemento de 23%. Tarefas para José Alencar.