Título: Lula cobra mais espaço na ONU
Autor: Sheila Machado
Fonte: Jornal do Brasil, 05/11/2004, Internacional, p. A9

Presidente associa missão no Haiti ao compromisso com soluções pacíficas

Na abertura da 18ª cúpula do Grupo do Rio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fez um apelo para que a reforma das Nações Unidas leve em consideração o esforço de multilateralismo dos países latinos.

- O Brasil crê na necessidade de renovação e fortalecimento do Conselho de Segurança, com países em desenvolvimento entre os membros permanentes para garantir a representatividade dos órgãos de segurança coletiva - disse Lula, no encontro entre 19 chefes de Estado, em Copacabana, no Rio. - Nossa região tem um histórico compromisso com a solução pacífica de controvérsias.

O caso mais recente é a missão de paz no Haiti, a Minustah, comandada pelo Brasil e com tropas sul-americanas. O assunto dominou o debate.

- A Minustah fortalece o multilateralismo e busca consolidar a democracia. Se não pudermos dormir sabendo que no dia seguinte teremos trabalho, não é liberdade - disse o presidente do Peru, Alejandro Toledo. - Só manter a ordem não sustenta a democracia. É preciso que a comunidade internacional se mobilize para ajudar o povo haitiano - defendeu o presidente brasileiro.

Lula lembrou que ''estabilização e reconciliação são tarefas complexas, como a história do Haiti nos ensina''. Em fevereiro, o país foi palco de uma convulsão social que derrubou o presidente Jean Bertrand Aristide. A Minustah assumiu em junho e, apesar do bom começo, as tropas já trocam tiros em Porto Príncipe. O assessor da Presidência, Marco Aurélio Garcia, viaja hoje para o Haiti para ver o processo.

- Queremos um consenso político. Não pode é continuar como está, com a economia devastada e instituições políticas frágeis. Os países doadores querem investir US$ 1,2 bilhão, mas no passado o Haiti recebeu verba e ela sumiu. Hoje pedem garantias e é preciso de projetos, de estabilidade - avaliou Garcia.

A cúpula acaba com a assinatura de uma declaração final sobre a cooperação com o Haiti, o multilateralismo e consolidação da democracia nos países latinos e caribenhos, apoio ao combate à fome e à miséria e às conturbadas situações políticas atuais no Equador e na Nicarágua. Lula terá encontros com os presidentes do México, Vicente Fox, da Venezuela, Hugo Chávez, e da Bolívia, Carlos Mesa.